13 de maio de 2014 - 10h33
As organizações ambientais portuguesas Quercus e WWF congratularam o Presidente norte-americano, Barack Obama, que garantiu lutar contra as alterações climáticas, mas esperam que os órgãos legislativos norte-americanos viabilizem um eventual pacto a ser assumido pelos EUA.
O Presidente dos EUA, Barack Obama, renovou na semana passada o seu compromisso com a luta contra as alterações climáticas, ao divulgar um relatório e advertir os republicanos de que não vão impedir as suas iniciativas legislativas no assunto.
Com este passo, o Governo de Obama assegura que pretende combater as alterações climáticas e em especial avançar para o objetivo de reduzir em 17 por cento as emissões de gases com efeito de estufa até 2020, em relação aos níveis de 2005, disse John Podesta, um dos principais assessores do Presidente norte-americano.
Em declarações hoje à Lusa, o ambientalista Francisco Ferreira, da Quercus, considerou que “tudo o que Obama diz é esperado, porque, como presidente tem assumido uma posição em linha com as alterações climáticas. Reconhece e acha que é uma prioridade de atuação”.
“Do ponto de vista das declarações não há muito de novo, porque as preocupações do Obama já foram mencionadas sistematicamente ao longo dos últimos anos. Falta saber agora que papel os EUA vão assumir na procura deste novo acordo que, à partida, os envolverá. Até aqui só temos os Protocolo de Quioto de que os EUA não ratificaram”, afirmou Francisco Ferreira.
O ambientalista português destacou o que considera “uma questão muito importante” que as pessoas não podem esquecer: “foram os EUA que desenharam o Protocolo de Quioto, em 1997”.
“Assinaram, só que depois o Congresso e o Senado não o viabilizaram, portanto, também aqui o presidente Obama tem essa nuance: uma coisa é conhecermos as posições do atual Presidente e, outra, é depois esses compromissos que venham a ser feitos serem viabilizados pelo Congresso e o Senado. Ai é que acho que será mais complicado”, disse.

Na terça-feira, os EUA apresentaram um relatório de Avaliação Nacional do Clima, baseado “na fonte de informação científica mais fiável e exaustiva alguma vez produzida sobre como as alterações climáticas vai afetar todas as regiões dos EUA e setores chave da economia nacional” daquele país.
“Há aqui alguma esperança de que praticamente neste ano e meio que falta para, à partida se assinar um novo acordo em Paris (em dezembro de 2015, deverá ser assinado um novo pacto global sobre o clima, prevendo-se que os EUA façam parte) consiga haver alguns passos em frente e significativo dos EUA”, disse Francisco Ferreira.
Na opinião do ambientalista da Quercus, nos últimos tempos os EUA têm feito “declarações mais fortes e incisivas em relação ao clima”, numa altura em que “à escala mundial tem algum enfraquecimento da Europa nesta matéria, apesar de perspetivar fazer muito mais do que os EUA”.
“Do ponto de vista político, a Europa, que era quem tinha a liderança na política climática até alguns anos atrás, tem vindo a perder algum protagonismo e os EUA, pelo contrário, até tem ganho algum protagonismo político nos últimos meses (embora), na prática, é a Europa quem acaba por se comprometer mais – até agora tem sido assim. Mas os EUA podem vir a ter uma posição mais relevante e ambiciosa do que tem acontecido até aqui”, disse.
Falando à Lusa, a responsável pela comunicação da WWF em Portugal, Marta Barata, disse: “Estas declarações não me surpreendem, tendo em conta tudo o que tem vindo a ser feito nos últimos tempos especialmente as chamadas de atenção que têm sido feito pelo próprio Obama. Ele tem mostrado um alinhamento mais justo em relação ao ambiente nestes últimos dois anos do que em todo o seu mandato”.
Por SAPO Saúde com Lusa