
Os dados da campanha Euromelanoma deste ano indicam um aumento de 40% nos casos de cancro da pele nos próximos 25 anos. Quais são as principais razões para este aumento?
O aumento previsto dos casos de cancro da pele deve-se sobretudo à exposição solar em excesso e ao envelhecimento da população. Uma pele bronzeada continua a associar-se a um estereótipo de beleza, negligenciando-se o risco da exposição sem proteção. Para além disso, quanto mais envelhecemos, maior o tempo acumulado de exposição aos raios UV, o que aumenta o risco de mutações celulares. A deteção precoce e a mudança de comportamentos são determinantes para contrariar esta tendência.
Como é que as queimaduras solares na infância estão na origem do desenvolvimento de cancro na idade adulta?
As queimaduras solares, sobretudo, as que ocorrem na infância, geram lesões diretamente no ADN das células da pele. Mesmo que essas lesões não se manifestem no imediato, ficam "gravadas" no nosso código genético e, com o tempo e novas exposições, podem levar ao desenvolvimento de tumores cutâneos. Portanto, proteger as crianças do sol é uma das medidas mais importantes para prevenir o cancro da pele no futuro.
Apesar de o cancro da pele ser tratável, a consciencialização pública é baixa. Quais são os principais sinais e sintomas de cancro da pele que o público deve conhecer e como é que se pode realizar um autoexame eficaz?
Deve-se estar atento a lesões na pele que mudam de forma, cor ou tamanho, feridas que não cicatrizam ou sinais assimétricos com bordos irregulares. Um sinal que é visivelmente diferente dos outros no corpo merece sempre atenção (Sinal do Patinho Feio).
A regra do “ABCDE” é uma ferramenta simples e útil para o autoexame:
- A de Assimetria,
- B de Bordos irregulares,
- C de Cor variável,
- D de Diâmetro superior a 6 mm,
- E de Evolução ou alteração recente.
É recomendável fazer um autoexame mensal, com a ajuda de um espelho ou de outra pessoa, observando todo o corpo. Perante qualquer alteração suspeita, deve-se procurar avaliação médica.
Que conselhos práticos podem ser dados ao público para se proteger do sol de forma eficaz e reduzir o risco de cancro da pele?
Os principais conselhos são:
- Evitar a exposição solar direta entre as 10h e as 16h;
- Usar protetor solar com fator igual ou superior a 30. O protetor deve ser reaplicado, de duas em duas horas, ou após o contacto com água
- Usar roupa protetora, chapéu, óculos de sol com lentes que absorvam os raios UV;
- Proteger-se também em dias nublados, pois os raios UV atravessam as nuvens;
- Não frequentar solários, que são uma fonte artificial de radiação UV muito perigosa.
Seja consistente, torne a proteção solar um hábito diário, não apenas em dias de sol ou na praia.
Como é que a imunoterapia revolucionou o tratamento do cancro da pele nos últimos 10 anos?
A imunoterapia mudou completamente o panorama do tratamento, do melanoma avançado e outros cancros de pele agressivos, doenças com poucas opções há apenas uma década. Hoje, conseguimos ativar o sistema imunitário do próprio doente para identificar e combater o cancro. Em alguns casos, conseguimos respostas duradouras, com doentes a viver muitos anos com boa qualidade de vida. A investigação científica atual, procura ultrapassar as resistências e personalizar o tratamento, alargando estes benefícios a ainda mais doentes.
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