O estudo representativo da população portuguesa, realizado pelo Grupo Português de Psoríase da Sociedade Portuguesa de Dermatologia e Venereologia (SPDV) concluiu que “a psoríase é uma doença subdiagnosticada em Portugal”.
Os dados indicam que 76% dos inquiridos tinham um diagnóstico prévio de psoríase realizado por um médico, na maior parte dos casos por um dermatologista, mas 24%, apesar de apresentarem critérios clínicos de psoríase, não estavam ainda diagnosticados por um médico.
O estudo, realizado em parceria com o Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, revela uma prevalência estimada da psoríase em 4,4%, “valor muito superior ao anteriormente reportado de cerca de 2%”.
O presidente do Grupo Português de Psoríase e coordenador do estudo, o dermatologista Tiago Torres, refere em comunicado, que “a ausência de dados de prevalência atualizados e de caracterização da população psoriática em Portugal foi o que motivou este estudo”.
“Só com uma caracterização adequada da população é possível desenvolver estratégias a nível nacional para uma melhor abordagem da doença e dos doentes psoriáticos”, defende Tiago Torres.
O estudo, divulgado a propósito do Dia Mundial da Psoríase, assinalado a 29 de outubro, também concluiu que “a psoríase é subtratada em Portugal”.
“A evidência publicada refere que 20 a 30% da população com psoríase tem doença moderada a grave, o que requer terapêutica sistémica, mas, de acordo com os dados agora obtidos, apenas 12% dos participantes no estudo estavam, no momento em que foram inquiridos, em terapêutica sistémica (3% em terapêutica biológica)”, refere a SPDV em comunicado.
A psoríase também tem um “elevado impacto” nos doentes portugueses, tanto a nível físico como psicossocial: 1,5% dos doentes disse já ter sido hospitalizado devido à psoríase e 17% teve de recorrer, pelo menos uma vez, a consultas de urgência.
Mais de metade dos doentes referiram apresentar lesões de psoríase em áreas de elevado impacto como o couro cabeludo, a face, os genitais, as unhas, ou palmo-plantar, e 42% dos doentes preenchiam os critérios selecionados para artrite psoriática.
Adicionalmente, este estudo demonstrou o elevado impacto na qualidade de vida dos doentes, com 16% a relatarem que a psoríase interferia nas suas atividades diárias, 12% que a doença “tem impacto na sexualidade” e, pelo menos 7%, que a psoríase interferiu “na escolha da carreira profissional”.
Por essa razão, afirmam os autores do estudo, “não foi de estranhar que uma das comorbilidades mais relevantes reportadas tenha sido a depressão/ansiedade (18%)”.
Mais de metade dos doentes inquiridos apresentavam comorbidades relevantes, com necessidade de acompanhamento médico regular, como comorbilidades cardiometabólicas, em particular, o excesso de peso ou obesidade (60%).
Tiago Torres defendeu serem necessárias “estratégias de sensibilização dirigidas à sociedade civil”.
“A melhoria das estratégias de rastreio e a melhoria da abordagem terapêutica são necessárias para enfrentar os desafios atuais no que respeita ao reconhecimento atempado e melhor gestão clínica da psoríase em Portugal”, sustentou.
O estudo teve com principal objetivo fornecer uma caracterização epidemiológica dos doentes em Portugal, com foco na prevalência da psoríase, uma doença inflamatória crónica, não contagiosa, caracterização clínica, impacto na qualidade de vida, comorbidades e gestão clínica.
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