O aumento da longevidade e sequencialmente a prevalência das doenças crónicas, na qual se destacam as doenças respiratórias crónicas, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC), a fibrose pulmonar e a asma, representam um grande desafio para os sistemas de saúde português ao impacto significativo na qualidade de vida das pessoas. Estas condições frequentemente resultam em limitações na capacidade funcional, aumento da fadiga e dispneia, além de sintomas de ansiedade e depressão. A reabilitação respiratória é fundamental para melhorar a capacidade funcional e a qualidade de vida destes pacientes. No entanto, a pandemia de COVID-19 acelerou a necessidade de alternativas às intervenções presenciais, levando ao desenvolvimento e à adoção da telereabilitação como uma solução viável.
Os enfermeiros de reabilitação desempenham um papel crucial na implementação e supervisão de programas de telereabilitação para utentes/doentes com doenças crónicas. Estes profissionais são responsáveis por planear e monitorizar um conjunto de intervenções que incluem exercícios de controlo ventilatório, exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular, treino dos músculos respiratórios e atividades de flexibilidade e equilíbrio. As sessões são realizadas remotamente por meio de videochamadas, permitindo a continuidade dos cuidados de reabilitação mesmo à distância.
A intervenção do enfermeiro de reabilitação garante que os utentes executem os exercícios corretamente e de forma segura, ajustando as atividades de acordo com a percepção de dispneia dos pacientes. Além disso, os enfermeiros ensinam e capacitam o utente sobre a gestão do regime terapêutico na qual se inclui a oxigenoterapia de longa duração e promovem o uso eficiente dos recursos disponíveis, fortalecendo a sua autonomia no seu dia a dia.
A melhor evidencia científica tem demonstrado que os programas de telereabilitação, supervisionados por enfermeiros de reabilitação, trazem benefícios significativos para o utente com doenças respiratórias crónicas. Entre os ganhos observados, destacam-se:
1. Melhoria na Capacidade Funcional: Apresentam melhorias notáveis na capacidade funcional, na capacidade de realizar atividades de autocuidado e atividades de lazer. O programa realizado na unidade local de saúde em S. José aponta para além destas melhorias um aumento na saturação de oxigénio e diminuições da frequência cardíaca em repouso. Estes resultados contribuem para uma maior autonomia.
2. Redução de Sintomas Respiratórios e Musculares: A telereabilitação resulta em uma redução significativa da dispneia e um aumento da força muscular. Os utentes relatam menos fadiga e uma melhoria significativa na sensação de falta de ar o que resulta na capacidade de realizar as suas atividades físicas diárias.
3. Benefícios para a Saúde Mental: Os programas de telereabilitação têm mostrado reduzir os sintomas de ansiedade e depressão, que são comuns em pacientes com doenças respiratórias crónicas. A melhoria na saúde mental é essencial para a recuperação global e para a qualidade de vida destes utentes.
4. Adesão e Satisfação dos utentes: A supervisão remota permite uma maior flexibilidade, adaptando-se à rotina diária dos utentes e aumenta a adesão ao programa. Muitos, relatam uma alta satisfação com o formato de telereabilitação, destacando a conveniência e a eficácia das sessões realizadas em casa.
A experiência enriquecedora na ULS S. José, permite evidenciar que a telereabilitação representa uma intervenção eficaz, segura e viável para a pessoa com doença respiratória crónica, proporcionando melhorias significativas na capacidade funcional, saúde mental e qualidade de vida. A implementação de programas de telereabilitação, supervisionados por enfermeiros de reabilitação, assegura a continuidade dos cuidados de reabilitação, especialmente em contextos onde a mobilidade é limitada. Esta abordagem inovadora não só beneficia os pacientes, promovendo a recuperação e reintegração na comunidade, mas também contribui para a eficiência dos sistemas de saúde ao reduzir a necessidade de deslocações frequentes e ao facilitar o acesso aos serviços de reabilitação.
Os resultados positivos observados com a telereabilitação reforçam a importância de integrar esta modalidade nos sistemas de saúde, proporcionando um cuidado personalizado e de qualidade. No futuro, a telereabilitação deve ser considerada uma ferramenta essencial na reabilitação de pacientes com doenças respiratórias crónicas, demonstrando que a adaptação e inovação nos cuidados de saúde podem levar a melhorias significativas nos resultados clínicos e na qualidade de vida de todas a pessoas.
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