“É uma coisa boa, um passo importante no rumo certo, porque é um passo que está assente num modelo que tem uma preocupação preventiva e de promoção, neste caso, da saúde mental, muito mais do que na remediação”, considerou Francisco Rodrigues.

O bastonário falava à Lusa um dia depois da apresentação do Programa para a Promoção de Saúde Mental no Ensino Superior, que vai apoiar com cerca de 12 milhões de euros, durante três anos, projetos que privilegiem e estimulem estratégias de intervenção precoce, uma vertente que o responsável valoriza.

“É um modelo que vai ao encontro dos alertas que temos lançado (…). Já há uns anos apresentámos propostas para que se investisse desta forma”, disse Francisco Rodrigues, salientando a importância de medidas em que a ênfase não é tanto na intervenção clínica, mas sim na prevenção e promoção da saúde mental.

Explicou que o programa está desenhado “da forma certa” – com mais investimento para serviços de psicologia já existentes ou para criar novos “com um foco no desenvolvimento das competências sócio emocionais, e não só na remediação” – e prevê “formas de articulação com o SNS, e até com outras estruturas, de modo a poder fazer esse encaminhamento e referenciação sempre que necessário”.

Francisco Rodrigues salientou ainda o facto de o programa estar desenhado para “dotar o país mais ou menos por igual destas condições, ultrapassando o que eram já boas práticas numa ou noutra instituição, mas não de forma generalizada”.

Questionado sobre o horizonte temporal do programa – 12 milhões para três anos -, o bastonário da Ordem dos Psicólogos disse que está prevista uma “avaliação associada a esse horizonte temporal”, concluindo: “Julgo que se vai concluir que, em grande medida, esta será uma necessidade mais permanente do que pontual”.

“Mas isso não apaga o facto de a medida ser uma boa medida, independentemente de poder ter de ser acautelado o que é que acontece daqui a uns tempos”, acrescentou.

Chamou ainda a atenção para o facto de este programa deixar já “algumas pistas” sobre a possibilidade de continuidade dos projetos: “Há uma preocupação, por exemplo, com o combate à precariedade dos recursos existentes nestas instituições para fazer face a estas ações do programa, ou seja, os vínculos serem vínculos permanentes e não vínculos precários”.

“Essa preocupação é claramente uma forma de responder à necessidade de que isto não seja algo para três anos, mas sim algo para se manter como uma resposta das instituições, porque senão não estava também escrito desta forma”, considerou.

Disse igualmente que o programa toca em aspetos e aponta para medidas que vão “contribuir para muitas outras situações”, exemplificando: “Vão contribuir certamente para o sucesso educativo, (…) para termos melhores profissionais no futuro, também por via do desenvolvimento de certas competências, e para que as próprias práticas das instituições, do ponto de vista educativo, possam ser melhoradas, porque elas também têm impacto na saúde mental”.

O bastonário considerou ainda importante “não perder o foco”, que as instituições façam a sua parte e apresentem projetos e que os processos de concretização no terreno sejam céleres, lembrando: “Já vamos atrasados”.

“Vai ser uma corrida, mas é realmente importante que não se perca tempo e que depois, na prática, os recursos cheguem conforme está previsto muito rapidamente ao terreno e que depois as instituições consigam rapidamente a contratar”, afirmou.