Promovidas pelas associações para o Mindfulness e Mentes Sorridentes e Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) da UC, as Jornadas de Mindfulness e Compaixão vão realizar-se no auditório dos Hospitais da Universidade de Coimbra, com cerca de 200 participantes.
Durante os trabalhos, serão divulgados resultados de vários projetos, em curso, de prática ‘mindfulness’, sobretudo nas áreas da educação, da saúde, do desenvolvimento pessoal e das organizações, afirma a UC, numa nota.
Em relação à educação, serão apresentados projetos que estão no terreno, designadamente em Lisboa, Coimbra e Leiria, exemplifica a UC, adiantando que “um deles é o projeto Mentes Sorridentes, implementado por uma associação de professores, primeiro em Loures, e posteriormente em várias zonas do país, tendo revelado resultados muito positivos não só nos professores, mas também nos alunos e na própria vida da escola”.
Nos docentes, notou-se “uma diminuição do stress, da ansiedade e do burnout (esgotamento profissional); nas crianças aumentou a satisfação com a vida e observou-se a melhoria da sua participação e rendimento escolar, assim como a diminuição de ansiedade”, concretiza José Pinto Gouveia, catedrático da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da UC (FPCEUC) e coordenador científico das jornadas.
Na saúde, onde esta abordagem tem sido “bastante aplicada”, a UC destaca a divulgação dos resultados de “um estudo, pioneiro em Portugal, realizado com jovens agressores, focado na terapia baseada na compaixão”.
Serão também revelados resultados da aplicação de programas de ‘mindfulness’ em mulheres com cancro de mama, na dor crónica e no combate à obesidade e ingestão alimentar compulsiva.
O ‘mindfulness’ “tem vindo a ser amplamente reconhecido como ferramenta terapêutica eficaz, com benefícios validados empiricamente em diferentes áreas”, realça, citado pela UC, José Pinto Gouveia.
“O ‘mindfulness’ caracteriza-se pela prática de prestar intencionalmente atenção ao que está a acontecer na nossa vida, dentro e fora de nós, com uma atitude de aceitação e sem ajuizar, ou seja, um treino mental que ensina as pessoas a lidarem com os seus pensamentos e emoções”, explica o docente da FPCEUC.
“Não é panaceia universal ou uma pílula da felicidade”, adverte José Pinto Gouveia, considerando que “o ‘mindfulness’ é para a mente o que o exercício físico é para o corpo”.
“Trata-se de um treino mental que tem de ser praticado e essa prática desenvolve capacidades do cérebro e competências que nos permitem defender um pouco das próprias armadilhas do cérebro, por exemplo, da negatividade natural do cérebro”, conclui o especialista.
Nas últimas décadas, “a prática de ‘mindfulness’ (atenção plena) tem vindo a ganhar terreno um pouco por todo o mundo, nos mais diversos contextos”, salienta a UC, referindo que “gigantes tecnológicas como a Google e a Apple têm programas internos de ‘mindfulness’ para os seus gestores e funcionários, reconhecendo a sua eficácia no aumento da produtividade”.
Em Portugal, apesar de já ser prática adotada na saúde e na educação, “ainda há desconhecimento e muita resistência em reconhecer os reais benefícios desta abordagem”, reconhece a UC, realçando que as jornadas pretendem “contrariar esta tendência e mostrar o trabalho científico” que tem sido realizado no país.
Promovidas pela Associação Portuguesa para o Mindfulness, CINEICC e Associação Mentes Sorridentes, as jornadas – encontro de “partilha de conhecimentos e de experiências de aplicação de ‘mindfulness’ e compaixão” – destinam-se a professores, psiquiatras, psicólogos, terapeutas, médicos, gestores e estudantes, mas também ao público em geral.
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