5 de abril de 2013 - 13h51
Os portugueses podem estar a substituir a ida ao ginásio, cinema ou teatro por atividades físicas ao ar livre para gastar menos, notando-se mais adeptos da corrida e da bicicleta na rua, afirmou hoje um investigador.
O professor da Faculdade de Motricidade Humana, Pedro Teixeira, salientou que, devido às dificuldades económicas, as pessoas podem estar a "substituir outras atividades de tempos livres em que era necessário um investimento financeiro, como cinema ou teatro, por atividades ao ar livre que impliquem mais movimento físico".
Por outro lado, "é natural que as pessoas que faziam uma prática organizada, em ginásios ou com recurso a profissionais desta área, a estejam a substituir por atividades similares executadas ao ar livre, nos espaços públicos", o que podem despertar outras motivações e experiências, acrescentou.
O investigador e professor do Departamento de Desporto e Saúde da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa falava à agência Lusa a propósito do Dia Mundial da Atividade Física que se assinala no sábado.
"As pessoas que iam ao ginásio e têm uma ligação forte à atividade física provavelmente sentiram necessidade de a substituir e é provável que encontrem alternativas", referiu.
Tendência crescente
Apesar de realçar a inexistência de estudos acerca da mudança dos hábitos dos portugueses na prática de exercício físico devido à crise, deixando os ginásios, Pedro Teixeira referiu que a adesão a alternativas mais baratas já era observada nos últimos anos.
"Essa tendência já se vinha acentuando desde a última década, muito em função da melhoria das condições de prática de atividade física no exterior", com a criação de infraestruturas "aceitáveis", nomeadamente por parte das autarquias, apontou.
A crise económica e o aumento do IVA levou a uma descida do número de ginásios, mas atualmente o aparecimento de uma nova forma de apresentar o "serviço" na prática de exercício permitiu a abertura de novos espaços.
"Nota-se uma descida generalizada de preços e a entrada de muitas cadeias low cost [baixo preço]. Ultimamente, têm aberto alguns ginásios já com outro conceito, de preço controlado, e têm registado uma procura maior" disse à agência Lusa o presidente da Associação de Ginásios de Portugal (AGAP).
Questionado acerca da transferência dos praticantes dos ginásios para a rua, José Júlio Vale Castro, referiu não ter dados para analisar a situação.
Para marcar o Dia Mundial da Atividade Física estão previstas iniciativas em vários pontos do país, como em Oeiras, onde Câmara Municipal e o Centro Desportivo Nacional do Jamor promovem um conjunto de atividades no Parque Urbano do Jamor, da caminhada à orientação pedestre, bicicleta canoagem, yoga, fitness ou jogos tradicionais.
No sábado, também muitos ginásios abrem a porta e recebem novos clientes para apresentar o espaço e permitir a experiência gratuita das atividades.
Lusa