O Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho está a desenvolver um "novo tipo de fagos sintéticos", vírus capazes de matar bactérias, para tratar infeções provocadas por organismos resistentes aos antibióticos, anunciou hoje aquele instituto.

Em comunicado, o CEB explica que a utilização em terapia daqueles bacteriófagos, "que apresentam um melhor desempenho", vão agora ser testados em laboratórios, para depois poderem ser utilizados na "chamada terapia fágica".

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Segundo explica o texto, aquele tipo de organismos tem "apresentando uma resposta promissora para um dos maiores problemas de saúde mundial - a resistência das bactérias aos antibióticos - e uma forma alternativa de tratamento, sobretudo em casos muito graves, incuráveis ou com risco de vida".

Os resultados, refere o texto, obtidos a partir da investigação realizada "à volta da terapia fágica são promissores", referindo um artigo cientifico na Revista Nature que descreve como uma equipa de investigadores americanos conseguiu salvar um paciente recorrendo a um fago e países como a Alemanha, França, Suíça e Bélgica têm vindo a intensificar a sua utilização.

Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho
Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho Centro de Engenharia Biológica (CEB) da Universidade do Minho créditos: Universidade do Minho

"No caso de Portugal, no entanto, este tipo de terapia ainda não está a ser utilizada no tratamento de doentes", aponta.

A investigação que está a ser desenvolvida no CEB "poderá também ser útil no tratamento de feridas crónicas, infeções sistémicas e urinárias", sendo que "os investigadores estão a terminar a construção dos primeiros fagos sintéticos e vão agora avançar para testes em animais de laboratório".

"Uma das principais limitações da terapia fágica é o facto de as bactérias desenvolverem rapidamente resistência ao fago que está a ser usado no tratamento, sendo habitualmente necessária a utilização de uma mistura de fagos ou a administração sequencial de fagos diferentes. Este projeto procura minimizar esta limitação, uma vez que os fagos desenvolvidos, por terem espetros de ação mais alargados, reduzem a probabilidade de ocorrência de resistências", explica no texto a investigadora responsável por este projeto, Joana Azeredo.

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A investigadora do CEB acrescenta ainda que "embora estudos 'in vivo' apontem para a inocuidade dos fagos, a verdade é que uma grande percentagem da informação genética que codificam é desconhecida e, por isso, levanta questões relativas à segurança".

Os fagos geneticamente modificados que o CEB está a desenvolver "têm quase a totalidade do genoma conhecido", sendo, por isso, "possível garantir uma maior segurança".

Portugal é o quarto país da Europa que apresenta as mais altas taxas de mortalidade por infecções causadas por bactérias resistentes a antibióticos.

A utilização excessiva de antibióticos leva à eliminação das estirpes mais sensíveis e, consequentemente, à seleção das mais resistentes, que sobrevivem na presença do antibiótico e continuam a multiplicar-se, causando uma doença mais prolongada ao paciente ou, mesmo, levá-lo à morte.