A sépsis é uma infeção grave e potencialmente fatal do organismo causada por agentes patogénicos - bactérias, vírus, fungos ou protozoários. A séptis pode manter-se no organismo mesmo depois da infeção primária desaparecer. É também uma das principais causas de morte em Unidades de Cuidados Intensivos.
Dados portugueses compilados pela Direção-geral da Saúde (DGS) indicam que 22% dos internamentos em unidades de cuidados intensivos têm por causa a sépsis adquirida. Estes casos originam uma mortalidade hospitalar global de cerca de 40%, ou seja quase três vezes superior à mortalidade dos casos de AVC internados no ano de 2007. A mortalidade das formas mais graves, nomeadamente do choque séptico, atinge os 51%.
Dados recentes da Europa e dos Unidos da América indicam que a sépsis representa um grave problema de saúde pública, comparável ao acidente vascular cerebral (AVC) e ao enfarte agudo do miocárdio (EAM).
Apesar da incidência da doença cardiovascular estar a diminuir, a da sépsis aumenta pelo menos 1,5% ao ano. Este aumento de incidência radica no envelhecimento da população, na maior longevidade de doentes crónicos, na crescente existência de imunossupressão por doença e no maior recurso a técnicas invasivas, explica a DGS.
Ainda assim, a sépsis é pouco conhecida entre a população. Um estudo encomendado pelo Instituto Latino Americano da Sépsis (ILAS) concluiu que 93,4% dos entrevistados nunca ouviram falar sobre a doença.
O caso de Patrick
Patrick Kane tinha nove meses quando acordou com dores e apático. O médico de família receitou-lhe um analgésico comum, o paracetamol, mas a sua mãe continuou preocupada e decidiu procurar um hospital. "Foi muito rápido... Assim que cheguei ao hospital declararam-me falência múltipla de órgãos", disse o jovem em declarações à BBC.
Patrick passou três meses e meio internado no Hospital St. Mary's, em Londres, onde foi sujeito a várias amputações: parte do braço esquerdo, os dedos da mão direita e a perna direita, abaixo do joelho. Mas sobreviveu. Hoje, aos 19 anos, Patrick estuda bioquímica na Universidade de Edimburgo, na Escócia.
Em Portugal, recentemente, o caso do ator Ângelo Rodrigues também relançou atenções sobre a sépsis. O prognóstico do artista permanece reservado.
Como se manifesta esta doença?
Geralmente o sistema imune entra em ação para atacar a infeção e impedir o seu alastramento. Mas, se esta conseguir avançar, as defesas do organismo lançam uma resposta inflamatória sistémica na tentativa de combatê-la.
Esse reação também pode, no entanto, representar um problema, uma vez que pode ter efeitos secundários no organismo. E quando não diagnosticada e tratada, pode comprometer o funcionamento de um ou de vários órgãos e provocar a morte.
Qualquer processo infecioso - seja uma pneumonia ou infeção urinária - pode evoluir para um quadro de sépsis. Alguns dos sintomas da sépsis, segundo a organização britânica UK Sepsis Trust, são: fala arrastada, tremores, dores musculares, baixa produção de urina (um dia sem urinar), falta de ar, sensação de morte aparente, pele manchada ou pálida , entre outros.
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