Portugal é o país da Europa em que a população paga uma fatia maior pelos medicamentos, com as famílias a suportarem diretamente cerca de 40% do preço, segundo o Observatório Português dos Sistemas de Saúde.

Em declarações à agência Lusa, Aranda da Silva, porta-voz da coordenação do Relatório de Primavera 2017 do Observatório, lembrou que “há uma parte substancial dos medicamentos que é suportada diretamente pelas famílias”, o que cria dificuldades de acesso por parte dos mais desfavorecidos.

“Não há isenções [nos medicamentos] que permitam que o acesso melhore nas camadas de população que têm menos recursos. Existe, por exemplo, nas taxas moderadoras, mas na área dos medicamentos não existe”, referiu Aranda da Silva.

O Observatório dos Sistemas de Saúde sublinha que a medicação é a principal fonte de despesas em saúde nas famílias, pelo que, na ausência de isenções, “é natural que os mais carenciados encontrem dificuldades de acesso”.

“Qualquer dia temos um sistema de saúde a duas velocidades, um para pobres e outro para os outros. Estamos quase a chegar lá. Isto é anticonstitucional. A nossa Constituição é muito clara ao dizer que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem de ser equitativo no acesso”, refere Aranda da Silva. “Somos o país da Europa em que a população paga mais nos medicamentos. Há uma parte substancial em que quase 40% do preço dos medicamentos é suportado diretamente pelas famílias”, frisa o responsável.

Para o Observatório, a situação de subfinanciamento do SNS, que subsiste, “traduz-se numa pioria do acesso” por parte dos doentes, principalmente para as populações de fracos recursos.

Veja ainda: Alimentos e medicamentos que nunca deve misturar