“A única infeção que, efetivamente, não conseguimos diminuir, que aumentou ligeiramente, foi a infeção em neonatologia”, afirmou Isabel Neves, adjunta do PPCIRA, acrescentando que todas as unidades neonatais do país estão a participar num programa de vigilância, que abrange todos os bebés.

“Conseguimos diminuir globalmente a infeção do local cirúrgico. Dependendo do tipo de cirurgias, em algumas diminuímos muito, noutras aumentamos ligeiramente, mas no global diminuímos”, disse.

Isabel Neves indicou que diminuiu, por exemplo, a pneumonia associada ao ventilador nas unidades de cuidados intensivos.

Hoje é apresentado um relatório que faz um ponto da situação verificada nos últimos cinco anos e, em particular entre 2017 e 2018, em relação aos programas de vigilância epidemiológica, ao consumo de antibióticos, às resistências aos antimicrobianos em Portugal e à adesão das unidades de saúde aos programas propostos pela DGS.

Num resumo a que a Lusa teve acesso, refere-se uma “evolução positiva das taxas de prevalência e de incidência das IACS (infeções associadas a cuidados de saúde) monitorizadas, com exceção da infeção da corrente sanguínea associada a cateter venoso central em Unidades de Cuidados Intensivos neonatais e de adultos, mas uma diminuição desta mesma infeção por Staphylococcus aureus resistente à meticilina)”.

“Não atingimos todas as nossas metas, mas este trabalho de controlo de infeção e depois aquilo que se traduz em termos de resistências é um trabalho que não se vê da noite para o dia”, defendeu a responsável.

A mudança, referiu, “implica mudanças estratégicas”, em termos culturais e das estruturas organizadas nos cuidados de saúde, a par de ações para reduzir as infeções, o que “leva algum tempo”.

“Estamos a fazer um caminho de positividade. Gostaríamos de ter tudo a diminuir, mas leva o seu tempo. É preciso congregar esforços”, sustentou.

Isabel Neves sublinhou que as dotações nos hospitais, ao nível dos profissionais de saúde e dos recursos, têm-se “deteriorado desde 2011″.

“Tem havido um esforço enorme, sobretudo as estruturas locais do PPCIRA para proporem esforços no sentido de conseguirem promover a melhoria e tem havido uma melhoria, uma mudança cultural importante na necessidade de termos boas práticas para a segurança dos doentes e dos profissionais”, reiterou.

A mesma responsável revelou que Portugal diminuiu a resistência aos antibióticos em quase todas as bactérias que são mais importantes na Europa, mas considerou preocupante que a maior parte das resistências face a um tratamento de última linha se verifique pela produção de uma enzima que se transmite “de uma forma muito fácil”.

“Temos de ter atenção não só aos doentes infetados, mas àqueles doentes que eventualmente podem ser transportadores desta bactéria, que são os doentes colonizados”, preconizou.

Esta bactéria colonizada, explicou, “não lhes fará mal, em termos de dar infeção, mas eles transportam-na e podem ser veículos de transmissão, nomeadamente dentro dos hospitais, onde estão doentes fragilizados que podem ser contaminados por esta bactéria e terem uma infeção”.

O documento contém recomendações às unidades de saúde, nomeadamente para melhorarem a prevenção e o controlo de infeções.

Isabel Neves argumentou que são necessários recursos informáticos para que a informação seja automática, por forma a saber-se se o doente “está a ser tratado corretamente”.

Estima-se que, na Europa, cerca de 33.000 pessoas morrem por ano, com uma Infeção Associada aos Cuidados de Saúde (IACS).