
O psicólogo e coordenador da campanha para a zona Norte, Pedro Morais, explica que o objetivo, de uma campanha que na primeira semana passa por praias de Matosinhos, Porto e Vila Nova de Gaia e a partir de dia 16 continua na zona de Lisboa, é "sensibilizar as pessoas à deteção precoce do VIH", aproveitando os espaços balneares com maior afluência e onde é possível conversar "num ambiente mais descontraído".
"Continuamos a ser o país da UE com mais novos diagnósticos por ano. Estamos a decrescer no número de novas infeções detetadas mas Portugal está a fazer este decréscimo de forma muito lenta. Estamos a falhar muito na deteção precoce. Temos muitos diagnósticos tardios, muita gente a descobrir com quatro ou cinco anos de infeção, aumentando a probabilidade de infetar outras pessoas por não saber que está infetada", descreveu o psicólogo à Lusa.
Ao longo desta campanha cerca de dez voluntários percorrem diariamente as praias onde está estacionada uma carrinha da Abraço para conversar com as pessoas, distribuir informação e preservativos, sem esquecer o convite para realizar um "teste rápido" de VIH que é feito de forma anonima, gratuita e confidencial.
Quem decidir deslocar-se à carrinha da Abraço é sujeito a um pré e pós aconselhamento com um técnico de psicologia que procura saber qual a motivação para o rastreio e que dá informação sobre o tema e cabe à equipa de enfermagem fazer a colheita de sangue para o teste, cujo resultado demora meia hora.
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Pedro Morais apontou que "Portugal falha na procura do teste", porque "a população não está sensibilizada para o fazer ou não considera as práticas que tem como de risco".
De acordo com dados da Abraço "há mais registos e maior taxa de infeção na relação sexual desprotegida seja ela anal, vaginal ou oral". "É nestes casos que mais de 95% da transmissão acontece. A troca de seringas tem uma percentagem mínima neste momento de transmissão de VIH", descrevem os responsáveis da associação que aproveitam estas campanhas também para recordar que "as relações desprotegidas acontecem de forma transversal em toda a população" e que "já não faz sentido falar em grupos de risco".
"Procuramos passar a mensagem à população porque infelizmente ainda é estereotipado. No último ano 64% das novas transmissões foi na comunidade heterossexual", referiu Pedro Morais.
A Abraço está hoje na praia de Leça da Palmeira, seguindo-se Aterro (terça-feira), Salgueiros (quarta) e Edifício Transparente (quinta) e Matosinhos dia (sexta-feira). Em Lisboa as ações têm início na praia do Guincho (dia 16), Duquesa/Conceição (dia17), Tamariz (dia 18), Carcavelos (dia 19), Meco (dia 20), Fonte da Telha (dia 21), Morena (dia 22) e São João (dia 23).
Os responsáveis estimam que serão distribuídos 10 mil kits (um preservativo, um lubrificante, um cartão informativo) e 6.000 preservativos a avulso. A unidade móvel esclarece dúvidas sobre VIH e Infeções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), e realiza testes rápidos ao VIH/SIDA, VHB (hepatite B), VHC (hepatite C) e Sífilis.
Com Lusa
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