O PS inicia na hoje uma jornada pelo país em “defesa do Serviço Nacional de Saúde” para avaliar no terreno as dificuldades sentidas devido aos cortes orçamentais e à reorganização de serviços, disse à Lusa o deputado António Serrano.
Esta iniciativa conta com a participação de vários deputados eleitos que, nos seus círculos, vão visitar unidades de saúde, debater e recolher opiniões que servirão de ponto de partida para a discussão que decorrerá na quarta-feira na Assembleia da República, com o tema “Orçamento do Estado (OE) 2012 para a saúde: o que tem de ser garantido aos portugueses no SNS”.
António Serrano adiantou que, no âmbito da discussão do OE, o Grupo Parlamentar socialista decidiu fazer duas iniciativas: A primeira realiza-se na segunda-feira com visitas a várias unidades de saúde do país.
“Pretendemos avaliar no terreno as dificuldades que já estão a ser sentidas do ponto de vista financeiro, da reorganização de cuidados que já está a ocorrer e que impacto está a ter junto das pessoas porque entendemos que no próximo ano, o OE, vai agravar ainda mais o acesso dos cidadãos aos cuidados de saúde”, disse à Lusa o coordenador da área da Saúde.
Para o PS, o SNS deverá manter o nível de qualidade na prestação de cuidados, mas reduzindo “todos os desperdícios”.
“Não concordamos com os desperdícios e apoiamos todas as iniciativas nessa matéria, mas não podemos confundir eliminação de desperdícios com a eliminação dos cuidados básicos prestados à população”, sustentou António Serrano.
Por outro lado, adiantou, estas visitas têm também como objetivo “chamar a atenção” nos vários serviços para o que está a acontecer no SNS: encerramento de extensões de saúde no país inteiro, reduções de horários e a dificuldade que os hospitais já estão a ter na formação de equipas nas escalas dos serviços de urgência.
Os resultados deste debate conduzirão à segunda iniciativa dos socialistas: uma conferência parlamentar na quarta-feira com especialistas na área da saúde em que a pergunta principal é: “Em tempo de crise o que é que o SNS deve garantir aos portugueses?”, avançou o deputado.
“Queremos discutir quais são as implicações do OE no próximo ano, que tem uma redução de mais de mil milhões, e de que forma esta redução vai afetar de facto, não as gorduras do SNS, mas a manutenção dos serviços de saúde e nalguns casos os serviços que levaram anos a construir”, sublinhou.
António Serrano deu como exemplo a Maternidade Alfredo da Costa, “um serviço altamente especializado, diferenciado na área da neonatal, que a encerrar representa uma destruição de conhecimento que foi conseguido ao longos de muitos anos”.
“Queremos ver que soluções alternativas podem ser apontadas neste momento de crise e de emergência nacional que permitam reduzir a despesa, mas simultaneamente manter o equilíbrio com a qualidade e quantidade de serviços prestados”, adiantou.
“Se nada for feito e nos limitarmos a fazer cortes o que vamos ter é o agravamento do acesso aos cuidados de saúde, aumento das listas de espera para consultas de especialidade externas e para as cirurgias”, acrescentou.
Para o PS, “os cortes e a racionalização que o Governo está a fazer no sector não podem significar o desmantelamento do SNS”, lembrando que, em 2011 e 2012, o corte na saúde é superior a 1.300 milhões de euros.
07 de novembro de 2011
@Lusa
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