"O subfinanciamento repetido durante anos corre o risco de se transformar numa doença crónica, com incapacidade de corresponder. Temos problemas de infraestruturas, de profissionais profundamente descontentes com as condições de trabalho - a não reposição de direitos e rendimentos que foram cortados, com todas as consequências para os utentes", disse Jerónimo de Sousa, após uma reunião com administradores e trabalhadores do Hospital de S. José, em Lisboa.

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Referindo-se à polémica com a ala pediátrica e tratamento de crianças com cancro no Hospital de S. João, no Porto, Jerónimo de Sousa disse que a situação "nunca deveria ter acontecido", mas que, se o problema for agora resolvido "mais vale tarde do que nunca".

"Os problemas estruturais do SNS são imensos e, por isso, a nossa preocupação em relação à conceção de reforço do investimento por parte deste Governo, que não parece muito animado com este elemento de a economia estar a melhorar", afirmou.

O ministro da Saúde pediu, na segunda-feira, à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) para intervir e esclarecer se a situação podia ter sido evitada e disse que "não há ninguém que sinta mais incómodo e mais sentido de injustiça do que o ministro da Saúde e o Governo", prometendo "resolver um problema que se arrasta há 10 anos".

"[O Governo] não aproveita a disponibilidade de verbas para dar alguma resposta a problemas. Infelizmente, falou mais alto as imposições da União Europeia e da política do euro em que os portugueses vão assistir à questão do défice transformada, outra vez, em obsessão”, continuou Jerónimo de Sousa.

O secretário-geral do PCP louvou o "esforço e empenhamento dos trabalhadores para que continue a haver SNS" e recusou a ideia de encerramento do Hospital de S. José perante a possibilidade de construção de uma nova unidade na parte oriental da capital, pois a "qualidade do serviço" e os necessários cuidados "de proximidade" são essenciais numa "zona muito envelhecida da cidade" até "por razões de mobilidade".

"Nós colocamos a questão das taxas moderadoras como um anseio que se justifica concretizar, designadamente a sua abolição, porque têm poucos ganhos para a saúde no plano financeiro. Outra questão que veio agravar a situação de muitos doentes em Portugal é a deslocação gratuita de doentes não urgentes, que devia ser assumida pelo Estado", elencou ainda o líder comunista, referindo-se a "dois projetos de lei concretos do PCP".