"Sempre que há um episódio prolongado (de poluição), eu fico doente", explicou à agência de notícias France Presse a parisiense Clotilde Nonnez, de 56 anos, que toma de forma permanentemente medicamentos contra a asma e bronquite.

Nonnez assevera que esteve "a ponto de morrer" durante um pico de poluição em dezembro de 2016. "Os meus problemas pulmonares provocaram um problema cardíaco sério", uma pericardite, afirma esta professora de yoga.

O seu advogado, François Lafforgue, diz que depositou em nome da sua cliente uma queixa junto do Tribunal Administrativo de Paris, na qual pedem 140.000 euros por "danos sofridos" pela poluição da cidade.

"A vida da minha cliente foi profundamente alterada por causa dos seus problemas médicos, as suas passagens pelos serviços de emergência durante os picos (de poluição) e os seus tratamentos", explicou o advogado, ressaltando o "a angústia e o prejuízo ligado ao risco acrescido de sofrer de cancro".

Para o advogado, o "Estado não estabeleceu regras suficientemente vinculativas" para combater a poluição do ar e "quando legisla, não faz o suficiente para a aplicação" da lei.

48.000 mortes prematuras por ano em França

Lafforgue salientou que esta é a primeira denúncia do tipo em França, mas indicou que 30 outras pessoas vão fazer o mesmo nos próximos meses em Paris e outras cidades francesas como Lyon  e Lille.

A capital francesa vivenciou em dezembro o seu pior e mais longo episódio de poluição invernal da última década, embora os seus níveis tenham sido substancialmente mais baixos do que aqueles em cidades como Pequim ou Nova Delhi. Segundo a OMS, a poluição do ar causa 48.000 mortes prematuras por ano em França.

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