Numa carta enviada à Associação Médica Mundial (AMM, na sigla em inglês), reunida na Cidade do Vaticano, o papa julgou "positivos" os avanços na medicina que permitem prolongar a qualidade de vida e eliminar doenças.
Mas ressaltou um "apelo a uma maior sabedoria, em razão da tentação de insistir em tratamentos que têm efeitos poderosos sobre o corpo, mas que às vezes não servem ao bem-estar integral da pessoa".
Para o papa argentino, que ecoou uma declaração da Igreja sobre a eutanásia que remonta a 1980, "é moralmente legal desistir ou parar os cuidados terapêuticos quando o seu uso não atende aos padrões éticos e humanísticos". "Isso é o que chamamos de 'a justa proporção no uso de medicamentos'".
Essa decisão reconhece "os limites da nossa mortalidade" e a ideia de que a oposição à morte é "fútil". Essa declaração também coloca em primeiro plano o "acompanhamento dos doentes terminais", refletido na abordagem médica de "cuidados paliativos" e na solidariedade da família, ressaltou o papa.
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"É claro que o facto de não adotar ou interromper medidas desproporcionais significa evitar tratamentos médicos exagerados, eticamente é completamente diferente da eutanásia que é sempre má", disse Francisco.
O papa aproveitou a oportunidade para destacar a crescente desigualdade no acesso aos cuidados médicos avançados, que continuam reservados a "segmentos da população cada vez mais limitados e privilegiados".
A mensagem foi lida para uma centena de especialistas médicos de trinta países, reunidos até sexta-feira.
Nas suas diretrizes, a Associação Médica Mundial considera a eutanásia médica (praticada por um médico) e o suicídio assistido (praticado por um paciente) como antiético, uma escolha moral próxima da Igreja.
No entanto, duas associações médicas nacionais - as da Holanda e do Canadá - desejam, em particular, retirar essa menção.
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