A ideia partiu de um enfermeiro também licenciado em gestão aeronáutica, que criou, juntamente com a Ordem, um projeto que pretende mostrar a necessidade de integrar um enfermeiro na formação como tripulante de cabine.

A Ordem dos Enfermeiros propõe mesmo criar uma área de competência acrescida aos enfermeiros que seria uma formação em enfermagem de voo, competência que ficaria averbada na cédula profissional.

“Quando emergências médicas ocorrem em voo, o acesso aos cuidados é limitado. São inúmeras as vezes que os profissionais de saúde são chamados a assistir um passageiro, apesar da formação limitada e/ou experiência com estas situações a 30.000 pés de altitude”, refere o resumo do estudo elaborado com o apoio da Ordem dos Enfermeiros.

Dados internacionais apontam para que as emergências a bordo de aviões tenham uma incidência de um para 10 mil a 40 mil passageiros. Um só estudo realizado em 2005 revelou que uma única transportadora internacional teve cerca de 500 incidentes médicos relatados ao longo de um período de seis meses.

Os estudos internacionais apontam para um aumento do número de emergências médicas a bordo de aeronaves comerciais, sobretudo devido ao aumento da acessibilidade de viajar por avião e ao aumento da esperança de vida.

Maior segurança e bem-estar aos passageiros

Segundo o estudo apoiado pela Ordem dos Enfermeiros, um enfermeiro integrado na tripulação de um voo daria maior segurança e bem-estar aos passageiros, por se tratar de um profissional preparado a atuar num ambiente que é geralmente estranho aos profissionais de saúde.

Além de assistir casos de emergência durante o voo, estes enfermeiros poderiam ser o apoio ao transporte de doentes estabilizados e que possam viajar em avião comercial.

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A bastonária da Ordem dos Enfermeiros, Ana Rita Cavaco, sublinha que este trabalho permitiu verificar a “viabilidade económica” para as companhias aéreas, segundo disse à agência Lusa.

“A existência de enfermeiros a bordo dos aviões tem o efeito de evitar mortes que são desnecessárias e acaba por descer os custos que as companhias aéreas têm com alguns eventos a bordo, que muitas vezes obrigam a aterragens de emergência”, afirmou a bastonária.

O projeto foi já enviado ao Parlamento Europeu e a Ordem espera que seja possível emitir uma recomendação às companhias aeras para chamar a atenção para esta problemática.

O objetivo, diz Ana Rita Cavaco, é estar próximo das pessoas e contribuir para que tenham melhor segurança e qualidade de vida, mas a bastonária não descarta a ideia de que é uma nova área de empregabilidade para os enfermeiros.

O comissário europeu para a Investigação, Ciência e Inovação, Carlos Moedas, receberá na quarta-feira a bastonária dos Enfermeiros, que apresentará em Bruxelas este projeto, designado como ‘Care4flight’.