“O Serviço de Medicina Interna está a ser completamente esvaziado”, disse à agência Lusa o presidente da secção regional do Centro da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes.
A diretora clínica do Centro Hospitalar Tondela Viseu, Helena Pinho, explicou que os médicos que alegaram não poder manter a acumulação de funções de chefia com a atividade assistencial são seis de um total de 18 (de várias especialidades) que têm funções de chefe de equipa do Serviço de Urgência Polivalente.
“Os que se demitiram são os internistas que trabalham no Serviço de Medicina Interna. Depois há outros internistas, que também são chefes de equipa, que trabalham noutros serviços”, afirmou aos jornalistas.
Carlos Cortes sublinhou que o Serviço de Medicina Interna do hospital de Viseu “é muito grande e, neste momento, tem 130 camas e 34 internistas”.
“No centro hospitalar existem 54 internistas e é importante esta diferença, porque aquilo que tem acontecido é um esvaziamento do Serviço de Medicina Interna”, explicou.
Segundo Carlos Cortes, “estão a ser retirados internistas deste serviço para outras áreas do hospital, por exemplo, ligadas aos cuidados paliativos, à medicina intensiva e à hospitalização domiciliária, em vez de se contratarem mais profissionais” para estas áreas.
O responsável disse que a isso se acrescenta “uma série de outras responsabilidades que estão a ser colocadas sobre os internistas”.
“Nós tivemos que criar, por desígnio nacional, equipas de cuidados paliativos intra-hospitalares e um serviço de hospitalização domiciliária, o serviço de cuidados intensivos tinha poucos médicos, não se conseguia fazer a escala, e tivemos que criar uma escala para a sala de urgência”, explicou Helena Pinho.
No entanto, “os internistas não foram desviados” para outros serviços, eles “optaram por trabalhar nessas áreas, e bem, já que a Medicina Interna é a especialidade mais abrangente e que melhor vê o doente na sua totalidade”, acrescentou.
A diretora clínica garantiu que “têm entrado novos internistas todos os anos” no hospital de Viseu.
Carlos Cortes afirmou à Lusa que a situação vivida no hospital de Viseu “está a acontecer em muitos hospitais de Portugal: o desrespeito, a desconsideração pelos médicos internistas e pelo serviço de Medicina Interna”.
No seu entender, “a Medicina Interna, num hospital, é das especialidades mais importantes, é ela que devia fazer a gestão do doente”, mas, atualmente, “estão a usar os médicos internistas para tapar buracos” que surgem.
“Quando há dificuldades em recursos humanos em determinadas áreas, colocam-se lá os internistas”, lamentou.
Como consequência, “os internistas mal conseguem assegurar uma escala do serviço de urgência, para a assegurar têm de ser retirados dos serviços de internamento e das consultas externas, e acabam por ter problemas como este agora de Viseu, que já aconteceu no hospital de Leiria e também está a acontecer no da Guarda e um pouco por todo o lado”, acrescentou.
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