O bastonário da Ordem dos Médicos tem recebido diversos contactos de colegas que não trabalham no Serviço Nacional de Saúde e que não receberam nenhuma informação sobre quando serão vacinados contra a Covid-19. "Tendo o Ministério da Saúde identificado os médicos e profissionais de saúde como grupo prioritário, não é aceitável que todos os médicos portugueses, incluindo os que trabalham fora do SNS, não tenham sido ainda contactados", refere Miguel Guimarães em nota enviada à comunicação social.
"Os critérios relativos à definição de prioridades e à sua aplicação prática deveriam ser uniformes e envolver todo o país e não apenas uma parte do mesmo, até porque muitos portugueses encontram hoje resposta para os seus problemas de saúde em consultas, exames e cirurgias proporcionados fora do SNS, seja a título privado ou convencionado", reforça o bastonário, lembrando que "numa altura de muito preocupante expansão da pandemia é ainda mais central que não se fechem serviços por surtos nos próprios profissionais".
Miguel Guimarães tomou a iniciativa de fazer um inquérito a todos os médicos para perceber quem está fora do SNS, sem informação sobre a vacina e com intenção de a receber. Em poucos dias foram compilados 4043 contactos.
Em termos de distribuição territorial, há quase 1800 médicos da zona da Grande Lisboa, mais de 900 do Porto, cerca de 300 de Coimbra e mais de 240 de Setúbal. Mas a listagem inclui médicos de todo o país: Aveiro (61), Beja (11), Braga (136), Bragança (8), Castelo Branco (25), Évora (38), Faro (115), Guarda (22), Leiria (61), Oeste (52), Portalegre (15), Ribatejo (78), Viana do Castelo (31), Vila Real (27) e Viseu (49). Há ainda 36 médicos da Madeira e 26 dos Açores.
Em termos de distribuição por idades, mais de 1500 médicos têm entre 65 e 74 anos, seguindo-se perto de 900 médicos com 55 a 64 anos. O terceiro grupo com mais peso tem mais de 600 médicos com 35 a 44 anos, seguindo-se quase 500 médicos dos 45 aos 54 anos, e cerca de 260 com mais de 75 anos, sendo que com menos de 35 anos são também cerca de 260. Em quase 60% dos casos os médicos trabalham em clínicas e consultórios particulares.
"Destaco também que mais de 1000 dos médicos que nos responderam fazem serviço de urgência. Nesta listagem que enviámos à tutela, há ainda quase 1400 prestadores de serviço, mas que por trabalharem normalmente no SNS sem vínculo e sim através de empresas prestadoras de serviços também não têm sido contemplados", alerta o bastonário.
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