Em declarações à Lusa, o secretário do Conselho Diretivo Regional Norte da Ordem dos Enfermeiros, Leonel Fernandes, adiantou que o bloco de partos daquela unidade de saúde está a funcionar apenas devido à substituição daqueles profissionais e que a Ordem dos Enfermeiros está a tentar reunir com a direção do Hospital de Guimarães.

Os enfermeiros do Hospital de Guimarães deixaram, a partir de hoje, de cumprir funções como enfermeiros especializados na maternidade e passam a cumprir apenas as funções de enfermeiros gerais, tendo entregado há 30 dias um aviso à direção a alertar para o efeito. "Fomos informados que estão enfermeiros gerais a cumprir funções de enfermeiros especialistas e é por isso que o bloco [de partos] está a funcionar", adiantou aquele membro da Ordem dos Enfermeiros.

Questionado sobre se esta situação acarreta riscos para a população, o enfermeiro rejeitou essa hipótese: "As equipas de saúde quando não têm pessoas transferem os doentes para outras unidades, podemos é ter pessoas a serem transferidas para outras unidades", disse.

Segundo Leonel Fernandes, "o bloco de parto do Hospital de Guimarães funciona com 62% dos enfermeiros especialistas com contrato de enfermeiro geral. Se eles não cumprirem as funções de especialista, o bloco terá de encerrar".

O representante dos enfermeiros explicou ainda que aqueles profissionais de saúde do Hospital de Guimarães "não estão em greve, nem em protesto" apenas vão cumprir os seus contratos de trabalho e acusou o Ministério da Saúde de "não se ter precavido" para enfrentar a situação. "Não é uma greve, nem um protesto. É uma situação em que os enfermeiros estão a trabalhar há mais de oito anos como especialistas sem ter contrato de especialistas, por isso não estão a abdicar de nenhumas funções, simplesmente estão a exercer as funções para as quais foram contratados: cuidados gerais", explicou Leonel Fernandes.

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"Voluntariado não pode ser porque na nossa profissão é proibido o voluntariado", especificou.

Confrontado com a possibilidade os enfermeiros serem alvo de processos disciplinares por ser recusarem a exercer funções, Leonel Fernandes adiantou que aqueles profissionais "não estão a ir contra o seu contrato de trabalho".

A Ordem dos Enfermeiros deixou ainda críticas e um alerta ao ministério de Adalberto Campos Fernandes.

"O Ministério da Saúde não se precaveu, teve 30 dias para se precaver quando soube que não ia ter cuidados especializados, não se precaveu e vamos ver como vai seguir em frente porque as pessoas não vão prestar os cuidados para os quais não estão contratualizados", alertou.

A direção do hospital remeteu esclarecimentos para mais tarde.