29 de outubro de 2013 - 17h39
A Ordem dos Médicos ouviu hoje os profissionais que contestam a redução de clínicos no serviço de urgência das Caldas da Rainha, mas a administração do hospital assegura que os médicos são suficientes para a procura.
“As áreas mais afetadas são a Pediatria, Obstetrícia e Cirurgia Geral, todos os médicos estão solidários e contestam a redução [de médicos] que o conselho de administração quer fazer por motivos economicistas e sem ter ouvido os responsáveis dos serviços”, afirmou o presidente do distrito do Oeste da Ordem dos Médicos, Pedro Coito, no final de uma reunião em que os médicos criticaram a nova escala de serviço.
A escala, que deverá entrar em vigor a 1 de novembro, reduz de três para dois os médicos de serviço às urgências nas diferentes especialidades, durante o período das 00:00 às 08:00.
Para a ordem, a medida vai poupar algum dinheiro mas “pode levar a situações de pré-rutura individual e coletiva dos grupos profissionais que estão em causa”, observou.
Pedro Coito teme ainda que a medida possa “pôr em risco a qualidade do serviço” prestado quer neste hospital quer na unidade de Torres Vedras, que também faz parte do Centro Hospitalar do Oeste (CHO) e onde a escala de serviço reduz também o número de médicos durante a noite.
As urgências dos dois hospitais passam a ter menos um clínico geral, nas 24 horas, e menos um cirurgião, entre as 00:00 e as 08:00.
Nesse turno, Caldas da Rainha perde um médico de medicina interna e outro de ginecologia e vê também reduzida a equipa de ortopedistas para metade da existente em Torres Vedras.
A equipa de pediatras a sul (Torres Vedras) é reduzida para metade da das Caldas (dois) que, por sua vez, perde também um pediatra entre as 08:00 e as 13:00.
Questionado pela Lusa, o conselho de administração do CHO remeteu hoje para um comunicado em que considera que "o número de médicos cumpre as recomendações de boas práticas e assegura uma adequada resposta, em cada uma das especialidades, à procura que existe na prática".
Um documento oficial a que a Lusa teve acesso atesta que das 2707 cirurgias realizadas nos dois hospitais, entre janeiro e setembro, apenas 86 foram efetuadas no período entre as 00:00 e as 08:00 da manhã.
Destas, 52 foram realizadas em Torres Vedras (a que se somaram mais 1600 realizadas no período diurno) e 34 no hospital das Caldas da Rainha, o que segundo o mesmo documento resulta numa média de uma cirurgia a cada nove noites na unidade onde, no total, foram feitas 1057 cirurgias.
Números que o presidente do conselho de administração recusou comentar, remetendo para um comunicado onde se lê que “a reorganização das equipas médicas tem por finalidade adaptar a constituição das equipas à afluência de utentes”, motivo pelo qual a redução de médicos não se verifica nos horários diurnos.
Justificações que não colhem junto da ordem que refere “um grande desconforto” e “descontentamento da classe médica com as políticas implementadas”, adiantando que irá ser convocada nova reunião, desta vez alargada aos profissionais de Torres Vedras.
Lusa