"Face à ausência de planeamento dos recursos humanos, cuja formação é extremamente onerosa para o nosso país, Manuel Heitor será o principal responsável pelo esbanjamento da capacidade de trabalho dos médicos portugueses que, nos próximos anos, vão avolumar os números da emigração", afirma em comunicado o presidente da SRCOM, Carlos Cortes.

Segundo Carlos Cortes, "assiste-se ao descalabro no Serviço Nacional de Saúde (SNS), com estrangulamento financeiro e ausência de equipas com carreiras médicas sólidas".

Durante os trabalhos do 19.º Congresso Nacional de Medicina, cujo programa incluiu o 10.º Congresso Nacional do Médico Interno, realizado em Coimbra, "várias intervenções apontaram as debilidades da tutela para programar, planear e gerir os recursos deste setor", destaca a nota. “O atual ministro do Ensino Superior será o responsável da emigração de centenas ou milhares de médicos portugueses na próxima década”, critica o líder regional da Ordem dos Médicos.

Baseando-se nos "dados mais recentes" do setor, salienta que estão inscritos na Ordem "mais de 50 mil médicos, 30 mil dos quais trabalham para o SNS" e que, destes, "quase um terço" está em formação. "Estão ainda 12 mil estudantes nas faculdades, muito acima das reais necessidades do país", adverte Carlos Cortes, que exorta o ministro do Ensino Superior a "assumir uma cultura de diálogo" com o Ministério da Saúde e com a Ordem dos Médicos.

Caso contrário, Manuel Heitor arrisca-se a ser "lembrado como o ministro que formou médicos exclusivamente para exportação", acrescenta. "Não cuidar da formação médica, hoje, é desinvestir na qualidade dos cuidados de saúde no futuro”, conclui Carlos Cortes.

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