31 de março de 2014 - 09h01

O Painel Intergovernamental da ONU sobre Alterações Climáticas (IPCC) alertou hoje para um maior risco de secas, inundações e incêndios florestais na Europa devido aos efeitos das mudanças climáticas tanto a curto como a médio prazo.  

Esta conclusão consta do relatório apresentado hoje em Yokohama (Japão), elaborado por cerca de 500 cientistas/peritos e representantes políticos, em que se analisa o conhecimento atual das mudanças climáticas e o seu impacto no Homem e na natureza em diferentes pontos do mundo. 

Trata-se de "um dos mais completos relatórios científicos da História", afirmou o secretário da Organização Meteorológica Mundial (OMM), Michel Jarraud, durante a apresentação do documento, em conferência de imprensa.

"Já que não há nenhuma dúvida de que o clima está a mudar", apontou, sublinhando que "95% destas mudanças se ficam a dever à ação humana". 

O relatório apresentado hoje pelo IPCC - criado pelo Programa das Nações Unidas para o Ambiente e pela OMM - analisa os efeitos das alterações climáticas atualmente e a médio (entre 2030 e 2040) e a longo prazo (2080-2100), tendo em conta um aquecimento global de entre 2 e 4 graus centígrados, baseado em projeções atuais. 

Menos água na Europa

No caso da Europa, as mudanças climáticas vão provocar um aumento das restrições de água devido à "significativa redução da extração dos rios e aquíferos subterrâneos" combinada com a subida da procura para irrigação, energia, indústria e uso doméstico, refere o documento, citado pelas agências internacionais.

Este processo intensificar-se-á, em determinadas áreas do
continente, devido a uma maior perda de água através do seu processo
natural de evaporação, particularmente no sul da Europa", detalha o
documento. 

Outro risco assinalado para a Europa prende-se com o
aumento das vagas de calor, as quais são passíveis de ter um impacto
negativo na saúde e no bem-estar públicos, na produtividade laboral, na
produção agrícola e na qualidade do ar, bem como elevar o risco de
incêndios florestais "no sul da Europa e na região boreal da Rússia". 

No
relatório, o IPCC alerta, além disso, para a maior probabilidade de
inundações nas zonas costeiras devido à crescente urbanização, ao
aumento do nível do mar e à erosão da costa. 

A fim de atenuar
estes riscos, o IPCC insta os líderes políticos a tomarem medidas para
reforçar os sistemas de vigilância, advertindo para "eventos climáticos
extremos", bem como a melhorarem a gestão de recursos hídricos e as
políticas para promover a poupança de água ou para combater os fogos
florestais. 

"Reduzir estes riscos dependerá da nossa
capacidade de mitigar os efeitos das mudanças climáticas e de os adaptar
às nossas sociedades", destacou Chris Field, vice-presidente deste
grupo de trabalho da ONU. 

O presidente do IPCC, Rajendra
Pachauri, sublinhou, em particular, a necessidade de se reduzirem as
emissões de gases com efeito estufa, um fator "do qual dependerá aquilo
que acontecer em muitas partes do mundo nos próximos anos". 

SAPO Saúde com Lusa