“O debate é útil, mas tendo em conta as vantagens que já estão comprovadas, não há muito a debater”, disse à agência Lusa o médico, quando questionado sobre o plenário de quinta-feira, em que o Bloco de Esquerda e o PAN apresentam projetos de lei para permitir o uso de canábis com fins medicinais.

O PCP apresenta um projeto de resolução para recomendar ao governo um estudo sobre esta matéria.

“Penso que a sua utilidade (de canabinoides) é indiscutível e espero bem que, a partir de quinta-feira, os médicos e os doentes portugueses possam ter acesso a mais alternativas terapêuticas”, declarou o oncologista, que é um dos cerca de cem subscritores de uma carta aberta hoje divulgada para defender a legalização da canábis com fins medicinais.

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A ideia, explicou, é tornar possível a utilização de alguns derivados da canábis num contexto de tratamento de patologias. “Espero, daqui a algum tempo, vir a ter acesso a estas moléculas e usá-las para tratar os meus doentes”, disse o clínico.

“Há benefício claro”

Na área oncológica, “há benefício claro” no uso de um derivado canabinoide para o controlo das náuseas e vómitos associados à quimioterapia, especificou.

Há também vantagens no uso destes compostos para melhoria do estado nutricional e dar dor, em casos de cancro, entre outras situações, como coadjuvantes no tratamento da insónia e da depressão, acrescentou Jorge Espírito Santo.

O Bloco de Esquerda e o PAN levam na quinta-feira ao parlamento projetos para legalizar o consumo e cultivo de canábis para uso medicinal, defendendo que há provas e experiências internacionais que demonstram vantagens para doentes e médicos.

Em propostas individuais que vão a plenário, os dois partidos propõem que o cultivo de plantas de canábis seja autorizado mediante receita médica, com algumas restrições, e na estrita medida do receitado, o que se controlaria na compra de sementes.