Uma incidência maior do cancro do cólon em homens e mulheres e o aumento da sua relevância relativamente ao do estômago, é um dos dados estatísticos que vão ser hoje revelados nas XVIII jornadas do Registo Oncológico Regional do Sul.

“Os tumores do cólon continuam a assumir um papel muito relevante ao nível da incidência e da mortalidade no âmbito dos tumores, quer na mulher quer no homem. Antigamente o estômago tinha um papel muito relevante e neste momento está a perder essa relevância em relação aos tumores do cólon”, adiantou à Lusa Ana Miranda, responsável do Registo Oncológico Regional do Sul (ROR-Sul)

Este é um dos dados estatísticos que podem ser aferidos com uma nova plataforma, que estará disponível num portal on-line para pesquisa por parte de todos os interessados, adiantou a responsável.

A responsável do ROR-Sul adiantou que um dos temas mais importantes em foco nestas jornadas, que decorrem hoje e sexta-feira em Olhão, “tem a ver com bases de dados em saúde” porque existem várias “e é bom que se saiba aquilo que se pode obter para não replicar trabalho” e assim “haver economia de tempo”.

“Um doente oncológico vai a mais de uma instituição e tínhamos duplicação e triplicação dos dados. Com o novo formato, com o portal, todos as instituições acedem e registam apenas o que fizeram ao doente. Vamos obter informação de maior qualidade, mais completa”, acrescentou.

No segundo dia de trabalhos, Ana Miranda irá apresentar a ferramenta para a Internet “que vai conter e disponibilizar dados de incidência, sobrevivência e mortalidade”.

Ana Miranda precisou que esta ferramenta permitirá “saber o número de casos que aconteceram por região, por distrito, os casos que ocorreram em mulheres com menos de 35 anos ou que tiveram cancro da mama em 2005”.

“Vamos disponibilizar posteriormente mais dados, como os dados por instituição, como a casuística em cada um dos hospitais do ROR-Sul. Em vez de sabermos a incidência na população, vamos sabê-la por hospital e veremos que são diferentes”, adiantou.

Poderão também mais tarde ser obtidos dados relativos “à sobrevivência, para dois ou três tumores, por estádios”, assim como a “demora entre data do diagnóstico e tratamento, entre a primeira consulta e diagnóstico”, disse ainda.

“Isto é muito importante para prepararmos os serviços de saúde, fazermos o planeamento da oncologia e conseguirmos melhorar, assim como para a investigação e para os ensaios clínicos”, explicou.

Outra evolução importante refere-se aos casos diagnosticados em 2002/03 e 2004/05 e ao facto de terem passado a ser contabilizados ano a ano, quando “anteriormente estavam agregados”.

“Daqui para a frente haverá dados ano a ano e isto vai permitir, daqui a uma década, analisar tendências e fazer projeções para os próximos anos, o que com anos agregados não conseguíamos fazer”, justificou.

10 de fevereiro de 2011

Fonte: LUSA/SAPO