5 de setembro de 2014 - 10h10
A comunidade internacional voltou a acelerar na quinta-feira a resposta à epidemia de ébola, com a União Africana a anunciar uma reunião de emergência para traçar estratégias de combate à doença e a Organização Mundial da Saúde (OMS) a propor oito tratamentos e duas vacinas experimentais.
Estes diferentes tratamentos, incluindo o já utilizado ZMapp, e as vacinas foram apresentados a cerca de 200 especialistas reunidos em Genebra, especificamente para analisar as "possibilidades de produção e utilização."
"Nenhuma das substâncias foi clinicamente comprovada", segundo o relatório publicado na quinta-feira pela OMS, que indica que apesar das "medidas implementadas para acelerar o ritmo dos testes clínicos", "os novos tratamentos e vacinas não estarão disponíveis para uso geral antes do final de 2014".
"Até lá, apenas pequenas quantidades ou algumas doses/tratamentos serão disponibilizados", informa a organização, que ressalta que o desenvolvimento e a avaliação clínica destes tratamentos poderia levar até "10 anos em circunstâncias normais".
"Aumentar a produção de qualquer medicamento ou vacina demora meses ou anos porque deve respeitar todas as etapas, e o processo de produção leva tempo, não é instantâneo", explica uma porta-voz da OMS, Fadela Chaib.
A atual epidemia do vírus ébola, que continua a espalhar-se a grande ritmo no oeste africano, não tem precedentes dada a amplitude. 
Ainda não há nenhuma vacina homologada contra a doença e não há nenhum tratamento específico.
De acordo com o último balanço da OMS publicado na quarta-feira, mais de 1.900 pessoas morreram de ébola de um total de 3.500 casos confirmados. Os países mais afetados são a Libéria, Serra Leoa e Guiné-Conacri. A Nigéria é afetada em menor escala e um primeiro caso foi identificado no Senegal, o de uma guineense.
Port Harcourt, na Nigéria, em risco
Enquanto a epidemia avança, o stock do soro ZMapp, difícil de produzir em grandes quantidades, esgota-se. A OMS indicou no final de agosto temer que mais de 20 mil pessoas sejam ameaçadas durante a atual epidemia, que segundo a organização deve durar de seis a nove meses.
Também a OMS revelou receio com a possibilidade do alastramento rápido do surto de ébola em Port Harcourt, principal cidade petrolífera no sul da Nigéria, onde duas pessoas morreram, incluíndo um médico que trabalhou até poucos dias antes de morrer. Neste momento, mais de 200 pessoas estão em quarentena nesta cidade.
O ébola é transmitido por contato direto com sangue, fluídos ou tecidos de seres humanos ou animais infetados.
O vírus ébola é bastante letal. Apenas 47% das pessoas infetadas sobrevive, segundo a OMS. 
Por SAPO Saúde/AFP