16 de maio de 2013 - 10h51
Cerca de oito em cada 100 doentes internados nas unidades de cuidados continuados de saúde contraíram infeções durante os tratamentos, no ano passado, conclui um estudo elaborado no âmbito do Programa Nacional de Controlo de Infeção.
De acordo com o estudo - o primeiro elaborado a nível nacional sobre infeções adquiridas nas unidades de cuidados continuados e divulgado pela Direção-Geral de Saúde (DGS) –, a taxa de prevalência foi de 8,1% no ano passado.
A análise demostrou que os três tipos de infeções mais recorrentes nas unidades de saúde em Portugal são as que afetam pele e tecidos moles, seguindo-se as das vias respiratórias e as das vias urinárias.
No total, estes três tipos de infeções corresponderam a 85% dos casos detetados.
O “Estudo Nacional de Prevalência de Infeção em Cuidados Continuados” refere algumas razões para esta incidência de infeções.
"As disfunções do sistema imunitário e as alterações fisiológicas associadas ao envelhecimento tornam os residentes nas UCCI [Unidades de Cuidados Continuados de Saúde] mais vulneráveis a infeções e, por outro lado, a proximidade estreita e partilha social aumentam o risco de transmissão".
DGS quer mais vigilância
Face a esta taxa de prevalência de infeções, a DGS defende a adoção de “uma abordagem mais intensiva no que se refere à vigilância epidemiológica” e exige “uma análise mais detalhada para identificação dos fatores causais, a fim de delinear estratégias de controlo”.
Além disso, adianta o estudo, é necessária “a formação de clínicos no diagnóstico e tratamento das infeções” e “a concretização de um Manual de Boas Práticas”.
Ainda assim, é referido no estudo que “a grande maioria das Unidades de Cuidados Continuados de Saúde tem uma abordagem ativa para prevenção de infeções, estando um médico ou enfermeiro incumbido dessa função”.
A taxa de prevalência de infeções em Portugal foi de quase o dobro da média europeia – 4% -, registada num estudo piloto da ECDC (European Centre for Disease Prevention and Control).
Este estudo, que decorreu entre 2009 e 2011, concluiu ainda que as infeções predominantes na Europa são as das vias respiratórias, ao contrário do que acontece em Portugal, onde as feridas e as infeções da pele são as mais frequentes.
Quanto ao uso de antibióticos, a prevalência observada em Portugal no ano passado foi de 9,4%, sendo que no estudo europeu de 2009 a média era de 6,5%.
O estudo nacional decorreu entre 23 de maio e 08 de junho de 2012, tendo sido observados 5.150 residentes em Unidades de Cuidados Continuados de Saúde, dos quais cerca de um quinto tinha mais de 85 anos.
Lusa