Alexandra Bento, que falava na abertura do Congresso da Ordem dos Nutricionistas, que termina hoje na Culturgest, em Lisboa, sublinhou que os nutricionistas que trabalham no SNS estão em carreiras distintas, apesar de desempenharem as mesmas funções, e que a criação de uma carreira própria é justa e necessária.

“O país precisa dos nutricionistas, que podem fazer a diferença na melhoria da saúde dos portugueses”, afirmou a bastonária da Ordem dos Nutricionistas.

A responsável disse que os 400 nutricionistas que trabalham no SNS “continuam a ser poucos” e sublinhou que nas escolas a situação ainda é pior, com apenas dois destes profissionais.

“As escolas precisam de nutricionistas”, disse Alexandra Bento, frisando a necessidade de coerência nas medidas de prevenção adotadas e dando como exemplo o facto de as máquinas de venda de refrigerantes e doces terem sido proibidas nas escolas, mas alguns bufetes escolares continuarem a oferecer estes produtos.

“O mesmo Estado que legisla contra a publicidade dirigida aos jovens deve ter mão forte nas escolas”, acrescentou.

Alexandra Bento disse igualmente que “é necessária uma ação conjunta de políticas integradas em todas as áreas e afirmou que a própria Lei de Bases da Saúde – que está no parlamento – deveria ter referências diretas à alimentação saudável.

A especialista afirmou ainda que a aposta na prevenção poderia aliviar a despesa com as doenças crónicas, muitas relacionadas com a alimentação ao longo da vida, e afirmou que se gasta o equivalente a 1% do Produto Interno Bruto a tratar doenças crónicas, exemplificando que com a diabetes são gastos 280 milhões de euros/ano e com as doenças cardiovasculares 350 milhões/ano.

Sobre a contratação de nutricionistas a ministra da Saúde, Marta Temido, respondeu com o concurso aberto para preencher 40 vagas e que teve mais de 1.000 candidaturas, um volume que fez atrasar o processo, que deverá estar concluído em abril/maio deste ano.

Marta Temido disse ainda que se espera abrir um novo contingente de vagas idêntico este ano e explicou que os profissionais que ficarem a trabalhar no SNS serão em primeira linha colocados nos cuidados de saúde primários.

Questionada pelos jornalistas sobre o repto lançado pela bastonária da Ordem dos Nutricionistas sobre a necessidade de a Lei de Bases da Saúde incluir referências diretas à alimentação saudável, a ministra disse que este documento estava “bem entregue”, com os deputados da Comissão Parlamentar de Saúde.