12 de novembro de 2013 - 07h18
O presidente do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN) revelou hoje que são cada vez mais os utentes que, sem estarem isentos, alegam não ter dinheiro para pagar as taxas moderadoras nos hospitais Santa Maria e Pulido Valente.
Carlos Martins reconhece o peso da crise na diminuição da procura e diz que a instituição prepara medidas para reaver algumas dívidas.
“Temos perfeita noção de que parte da perda de utentes/doentes tem a ver com a situação económica da pessoa”, disse, revelando que aumentou igualmente a dispensa de medicamentos de forma graciosa, que no caso da prescrição privada aumentou 52 por cento.
A falta de pagamento de taxas moderadoras “agravou-se muito” em 2012, representado já “um volume financeiro muito significativo de pessoas que manifestaram impossibilidade financeira de pagar a taxa moderadora, não estando isentos”.
Confrontada com este agravamento, a instituição decidiu adotar, para 2014, um conjunto de medidas que permitam verificar a veracidade das situações.
“Vamos tentar aferir. Se não for verdade vamos cobrar de uma forma contenciosa”.
Este trimestre, a instituição começou a enviar cartas a quem não pagou, a dar nota da sua dívida e a convidar a regularizar a sua situação ou a provar a incapacidade de pagar a taxa moderadora em dívida.
A administração decidiu eliminar os casos de dívidas com mais de três anos, não só pelo seu “valor insignificante”, mas pelo risco de alguns desses utentes já terem morrido, disse.
“Em situação alguma recusamos atender alguém, continuar o tratamento ou voltar a atender o utente e temos pessoas que vêm há dois, três anos e que dizem que não têm meios para pagar”, disse.
Sobre a evolução da procura dos serviços destes hospitais, Carlos Martins reconhece mudanças.
“Perdemos doentes por três ordens de razão: a crise que o país vive, a abertura do Beatriz Ângelo (novo Hospital de Loures) e agora do Vila Franca de Xira e a agressividade cada vez maior dos hospitais privados”, disse.
A diminuição foi mais significativa nas consultas e nas urgências.
No âmbito da reorganização, o hospital deverá chegar ao fim do ano com 1.170 camas (das 1.268 que existiam).
Ao nível da obstetrícia - questão mais premente tendo em conta a “fronteira” dos 1.500 partos necessários para manter um bloco de partos a funcionar – Carlos Martins sublinhou que “não passa pela cabeça que um hospital universitário não tenha bloco de partos”.
Para contornar a diminuição da procura nesta área, o administrador revelou que o CHLN está a analisar com a Administração Regional de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) uma alteração da rede de referenciação para aumentar a área de responsabilidade e, com isso, ter mais partos.

Lusa