“O sistema imunitário é a defesa natural do corpo contra infeções, doenças e outras ameaças externas. Quando está desequilibrado ou sobrecarregado, o organismo começa a manifestar sinais subtis que podem passar despercebidos. Estes sintomas subclínicos refletem a consequência de deixarmos aumentar os níveis inflamatórios sem ajustarmos as nossas rotinas. Reconhece-los atentadamente é essencial para prevenir o desenvolvimento de doenças autoimunes, alergias ou infeções recorrentes, lembrando que 70% a 80% do nosso sistema imunitário está no intestino”, escreve a nutricionista Isabel Pedroso Silva no seu novo livro Super intestino – a chave da tua saúde, uma edição Marcador. A autora deixa ao leitor um resumo dos sinais a que deve estar atento, pois a “identificação precoce é a melhor estratégia para promover um sistema imunitário equilibrado e resiliente”.

“Falta literacia alimentar. A população continua a desembalar mais, em vez de descascar mais” - Isabel Pedroso Silva, nutricionista
“Falta literacia alimentar. A população continua a desembalar mais, em vez de descascar mais” - Isabel Pedroso Silva, nutricionista Nutricionista Isabel Pedroso Silva. Helena Martins

Sinais de que o seu sistema imunitário está a pedir socorro:

Cansaço constante ou fadiga inexplicável: um sistema imunitário em constante estado de alerta pode consumir muita energia, com citocinas inflamatórias elevadas, deixando o corpo exausto, mesmo sem razão aparente;

Gripes e infeções frequentes: um sistema imunitário enfraquecido resulta em maior suscetibilidade a infeções virais, bacterianas e fúngicas. A deficiência de nutrientes essenciais como vitamina D, zinco, ferro e vitamina C pode comprometer a resposta imunitária adaptativa, além de que o próprio stresse crónico reduz a eficiência das células imunológicas, tornando as infeções mais frequentes e prolongadas;

Feridas que demoram a cicatrizar: a cicatrização lenta é um indicador de baixa eficiência imunológica, bem como de défices de zinco e vitamina C, que comprometerá a síntese de colagénio e a proliferação celular;

Aumento de infeções gastrointestinais: infeções por H. pylori, parasitas intestinais ou sobrecrescimento do fungo Candida podem indicar uma resposta imune comprometida, especialmente em indivíduos com uso excessivo de antibióticos;

Sensibilidade alimentar: ao glúten, laticínios ou outros alimentos, uma vez que a sensibilidade alimentar pode resultar de uma barreira intestinal comprometida, o que permite que proteínas mal digeridas entrem na corrente sanguínea e ativem respostas imunológicas. No entanto, nem todas as sensibilidades alimentares estão diretamente relacionadas com imunodeficiência;

Eczema e dermatite: ligadas a uma desregulação do sistema imunitário e ao aumento de citocinas pró-inflamatórias, isto é, moléculas que promovem a inflamação;

Urticária frequente: muitas vezes relacionada com alergias alimentares ou stresse, podendo também ter causas não relacionadas com a imunidade, como problemas hepáticos;

Sinusites frequentes: pode indicar uma deficiência imunológica, especialmente se houver baixa produção de imunoglobulina A secretora, um anticorpo essencial para a proteção das mucosas. Também pode ser causada por fatores não imunológicos, como desvios do septo nasal ou poluição;

Aftas recorrentes: é um alerta de baixa imunidade, relacionado com défices de ferro, vitamina B12 ou ácido fólico;

Gengivas inflamadas ou sangramento gengival: sinal de deficiência de vitamina C ou de uma resposta imunitária comprometida, podendo também estar relacionada com má higiene oral e desequilíbrio na microbiota da boca;

Baixa resiliência ao stresse: o stresse crónico ativa o eixo hipotálamo-hipófise-adrenal (HHA), elevando o cortisol, que pode levar à supressão do sistema imunitário;

Ciclo menstrual irregular: inflamação e stresse crónico podem afetar o eixo hipotálamo-hipófise-ovário, contribuindo para a alteração dos níveis hormonais, interferindo na ovulação e no ciclo menstrual;

Dores musculares ou articulares inexplicáveis: podem estar ligadas a doenças autoimunes ou inflamação crónica, podendo também ter causas músculo-esqueléticas ou metabólicas;

Palidez ou falta de cor saudável na pele: pode ser um sinal de anemia por deficiência de ferro, um problema comum em pessoas com inflamação crónica.

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