Uma criança sudanesa está sentada na cama rodeada de redes mosquiteiras num centro médico nas montanhas de Numa, no Quénia (junho, 2011/AFP/PHIL MOORE)

O número de pessoas mortas pela malária (paludismo) caiu quase metade entre 2000 e 2013, anunciou hoje a Organização Mundial da Saúde (OMS), quando se enfrenta o maior surto de sempre do vírus Ébola na África Ocidental.

Entre 2000 e 2013, a taxa de mortalidade relacionada como o paludismo diminuiu 47 por cento a nível global e 54% em África, segundo o relatório anual da OMS, o que permitiu salvar o equivalente a 4,3 milhões de vidas.

"Estes são os melhores resultados que já tivemos e é uma notícia maravilhosa em termos de saúde pública", declarou em Genebra aos jornalistas Pedro Alonso, diretor do programa mundial da OMS contra a malária.

Globalmente, foram 198 milhões de casos de malária e 584 mil mortes que foram registados no ano passado (respetivamente 4,3% e 6,9% menos que em 2012), com 90% das mortes em África. As crianças com menos de cinco anos constituem 78% destas vítimas.

Metade da população em risco teve acesso a redes mosquiteiras

Este declínio dos casos em África explica-se nomeadamente pelas medidas de prevenção mais bem aplicadas, sendo que cerca de metade da população em risco em 2013 teve acesso a mosquiteiros impregnados de inseticida. Em 2004, somente três por cento desta população tinha acesso a esta medida de prevenção.

O aumento dos testes de diagnóstico permitiu a identificação de 62% dos pacientes suspeitos de terem paludismo, com 128 milhões de testes distribuídos em África no ano passado pela OMS.

A OMS só conseguiu 2,7 mil milhões de dólares (através de financiamentos nacionais e internacionais), pouco mais de metade do financiamento que necessitava para as metas fixadas, o que significa que muitas pessoas ainda não puderam beneficiar da assistência da organização.

"Estimamos que 278 milhões de pessoas em África vivem em casas com mosquiteiros impregnados com o inseticida e quase 15 milhões de grávidas não tem acesso ao tratamento preventivo", disse Margaret Chang, diretora-geral da OMS.

No relatório indica-se que a pobreza e um baixo nível de educação são fatores determinantes para que falte o acesso aos serviços básicos.

A OMS está preocupada igualmente com a propagação do vírus Ébola, um forte desestabilizador dos sistemas de saúde, sobretudo na Guiné-Conacri, Serra Leoa e Libéria, que ficam privados de certos tratamentos, como a malária, por estarem sobrecarregados devido ao Ébola.

A malária mata cem vezes mais que o vírus do Ébola (que já provocou a morte de 6.331 pessoas, segundo o último balanço da OMS, a 06 de dezembro).

Para a diretora-geral da OMS, "reforçar os sistemas de saúde destabilizados beneficiará a saúde pública mundial, devendo-se concentrar os esforços no controlo e na eliminação do paludismo".

O relatório 2014 sobre a malária no mundo resume as informações de 97 países em que a doença ainda prevalece.