A Associação Nacional de Unidades de Diagnóstico por Imagem (Anaudi) declara que a redução em 25 por cento de preços do subsistema de saúde ADSE "poderá ser a machadada final" para as clínicas de radiologia e imagiologia.

A Anaudi realça que a nova tabela de preços da ADSE - sistema de proteção social de trabalhadores em funções públicas -, em vigor desde ontem, surge na sequência de "sucessivas reduções de preços, sem qualquer critério de racionalidade económica, impostas pelo Governo nos últimos anos".

Em comunicado, a Anaudi diz que o setor está em risco "iminente de colapso", apesar de, nas últimas três décadas, ter disponibilizado "importantíssimos meios complementares de diagnóstico", o que "constituiu um importante contributo para os ganhos em Saúde que Portugal conseguiu nos últimos anos".

Entende a Anaudi que a rede de clínicas de radiologia e imagiologia, que empregava em dezembro do ano passado 16 mil pessoas, "está a ser atingido por uma onda de despedimentos, em crescendo, e de incumprimentos para com fornecedores e instituições financeiras".

"O país assistirá, de forma vertiginosa, ao colapso do Serviço Nacional de Saúde e a um violento retrocesso civilizacional", acentua a associação representativa das unidades de diagnóstico por imagem.

Assinalando que a faturação das empresas desceu mais de 30 por cento desde o ano passado, a Anaudi sublinhou que "o setor está completamente refém do Governo", que "não só fixa os custos de contexto, por exemplo o IVA suportado pelas clínicas enquanto consumidores finais e as taxas para a Entidade Reguladora da Saúde, como também fixa, sem qualquer critério, os preços que ele próprio pagará (SNS, ADSE e subsistemas públicos)".

A prática de preços inferiores ao seu custo, observa a estrutura associativa, vai provocar "mais despedimentos, insolvências em larga escala e as populações sem acesso de proximidade aos meios complementares de diagnóstico, com repercussões verdadeiramente assustadoras na Economia, na despesa pública e, sobretudo, na Saúde e na qualidade de vida dos portugueses".

Contactado pela Lusa, o presidente da Anaudi, Armando Santos, frisou que "a situação é completamente dramática" e adiantou que o universo de empregados das clínicas de radiologia e imagiologia, registado em finais do ano passado, já "decresceu entre 10 e 15 por cento".

Armando Santos observou ainda que o setor realiza "mais de 90 por cento dos ambulatórios que se fazem" em Portugal e que, no ano passado, as clínicas faturaram entre 110 e 120 milhões de euros.

"Até setembro, houve uma quebra de 30 por cento", esclareceu.

2 de outubro de 2012

@Lusa