Um novo medicamento para tratamento do cancro desenvolvido por investigadores da Universidade de Coimbra (UC) e pela farmacêutica Bluepharma deverá ser testado em humanos no próximo ano, e em 2015 ou 2016 poderá chegar ao mercado.

Esta expetativa foi manifestada à agência Lusa por Sérgio Simões, responsável pela inovação naquela empresa farmacêutica de Coimbra, que vê no novo fármaco "vantagens competitivas muito grandes" em relação aos da "mesma família" atualmente existentes no mercado.

É "significativamente mais potente e significativamente mais seguro". No tratamento exige menores doses e os seus efeitos adversos são menores, explicou.

Além destas vantagens, acresce uma outra, que tem que ver com o facto de o doente poder ser exposto à luz do dia, o que não acontece com os fármacos de primeira e segunda geração, que tornam o doente muito sensível à luz após os tratamentos, realça Sérgio Simões.

O novo fármaco está a ser desenvolvido pela empresa Luzitin, Lda., criada por investigadores da UC e pela Bluepharma, e resulta de uma década de investigação no Departamento de Química daquela instituição.

Neste momento a empresa já se encontra a realizar estudos não clínicos, com animais, de acordo com os rigorosos protocolos (de segurança) exigidos pelas autoridades de saúde, para poder passar aos ensaios clínicos em doentes oncológicos, no início de 2013.

Trata-se de um fármaco que é ministrado por terapia fotodinâmica, uma técnica que permite atacar de forma mais direcionada as células cancerígenas, com a concentração do fármaco na zona afetada e posterior irradiação por luz.

Esta investigação, que Sérgio Simões espera se transforme no primeiro medicamento português de combate ao cancro, neste momento, apresenta-se mais indicada para o tratamento de tumores no pescoço, cabeça e os mais avançados dos pulmões.

No entanto, estão a ser exploradas outras aplicações terapêuticas sublinha Sérgio Simões, que é igualmente presidente da direção da Luzitn e professor da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra.

A patente desta investigação foi considerada em 2011 a melhor patente da década, em termos absolutos e na área da saúde, arrebatando um total de 40 mil euros em prémios INVENTA.

Este galardão é uma iniciativa do Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) e da Caixa Geral de Depósitos (CGD), que visa distinguir e promover as melhores invenções de origem portuguesa em áreas estratégicas para o desenvolvimento da economia e da competitividade nacional.

7 de fevereiro de 2012

@Lusa