Os resultados publicados no Journal of the American Medical Association (JAMA) baseiam-se num estudo feito com cerca de 95 mil jovens nos Estados Unidos.
Todos tinham irmãos mais velhos, alguns dos quais com autismo.
Partindo do princípio que o autismo pode ser genético, os investigadores decidiram perceber se as vacinas poderiam tornar o autismo ainda mais provável em crianças que tinham irmãos com a patologia.
No final do estudo, os cientistas descobriram que as vacinas não tinham influência no risco de desenvolver a doença, com ou sem um irmão com o problema.
"De acordo com estudos em outras populações, não observamos nenhuma relação entre a vacina MMR e o aumento do risco entre as crianças", explicou o estudo, feito por Anjali Jain, médico em Falls Church, na Virgínia.
"Nós também não encontramos nenhuma evidência de que a toma de uma ou duas doses da vacina MMR está associado a um risco aumentado de autismo entre as crianças que tinham irmãos mais velhos com este distúrbio", prosseguiu.
Casos de autismo a aumentar
O autismo - um distúrbio neurológico caracterizado pelo comprometimento da interação social, comunicação verbal e não-verbal - está em ascensão e afeta uma em cada 68 crianças nos Estados Unidos. As causas ainda são pouco compreendidas.
Rumores sobre a suposta relação entre vacinas e o autismo difundiram-se em 1998 depois de um artigo de Andrew Wakefield defender a existência de uma ligação entre a vacina MMR e o autismo em 12 crianças.
Mais tarde, o artigo foi considerado fraudulento e anulado pela revista que o publicou. O Reino Unido também retirou a licença médica de Andrew Wakefield.
Mas as preocupações sobre a segurança da vacina, principalmente na era da Internet, têm-se mostrado difícil de controlar.
"Apesar de um volume substancial de investigações ao longo dos últimos 15 anos não ter encontrado nenhuma relação entre a vacina e o autismo, pais e outras pessoas continuam a fazer essa associação", argumentou o estudo.
"Estudos de pais que têm filhos com autismo sugerem que muitos acreditam que a vacina MMR foi um fator contribuinte", concluiu.
As crianças que têm um irmão mais velho com autismo são menos propensas a serem vacinadas, segundo o estudo.
A taxa de vacinação contra o sarampo nas crianças com irmãos não afetados foi de 92 por cento até aos cinco anos de idade. Em contraste, as taxas de vacinação MMR para crianças com irmãos mais velhos com autismo foi de 86 por cento aos cinco anos de idade.
"A única conclusão que se pode tirar do estudo é que não há nenhum sinal que sugira uma relação entre a vacina MMR e o desenvolvimento de autismo em crianças com ou sem um irmão com autismo", escreveu Bryan King, da Universidade de Washington e do Hospital Infantil de Seattle, no editorial que acompanhou o artigo.
"No seu conjunto, algumas dezenas de estudos demonstraram que a idade de manifestação do autismo não difere entre as crianças vacinadas e não vacinadas, assim como a gravidade ou o desenvolvimento do autismo não diferem entre as crianças vacinadas e as não vacinadas e, agora, o risco de recorrência de autismo nas famílias não difere entre as crianças vacinadas e as não vacinadas", prosseguiu.
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