“Aqui vamos ter a capacidade de produzir anualmente cerca de 300 milhões de unidades, a maior parte das quais, 90% ou mesmo um pouco mais, serão para o mercado externo. Para termos uma ideia mais concreta da capacidade de produção aqui existente, basta referir que, em Portugal, o consumo total anual deste tipo de cápsulas e comprimidos é de 40 milhões de unidades”, evidenciou Paulo Barradas Rebelo.

Durante a cerimónia de inauguração da nova unidade, em Coimbra, o presidente da Bluepharma destacou que esta é a primeira fábrica de medicamentos de formas orais sólidas potentes, nomeadamente na área oncológica.

“Acreditamos que este é o momento certo para a criação de uma unidade deste tipo. A pandemia que vivemos deixou marcas e alguns ensinamentos, e um deles foi sem dúvida a consciência coletiva de que Portugal e a Europa precisam urgentemente de se reindustrializar”, sustentou.

Ao longo da sua intervenção na cerimónia, que contou com a presença do ministro da Economia e do Mar, António Costa Silva, Paulo Barradas Rebelo destacou que, com a capacidade de produção instalada nesta área, o Estado português poderá estar perante “um potencial de poupança de 80%”.

“Ou seja, 200 milhões de euros, se passar a utilizar medicamentos genéricos, logo após a queda da patente, uma vez que este tipo de medicamentos permite reduzir significativamente os gastos com saúde”, concretizou.

Sobre a unidade que a Bluepharma hoje inaugurou, vincou ainda que esta só foi possível graças à parceria com duas empresas alemãs – Helm e Welding – com as quais desenvolve, há mais de 10 anos, um portfólio de medicamentos de alta potência, designado por Oncocept.

“Anualmente contamos com 20 moléculas em ‘pipeline’, num investimento estimado em 70 milhões de euros, que preencherão gradualmente a capacidade dessa unidade”, acrescentou.

De acordo com Paulo Barradas Rebelo, a Bluepharma procurou criar um centro europeu integrado de produtos de alta potência, aliando competências e conhecimentos de cada uma das partes, para “alcançar, pela primeira vez, uma solução europeia”, com uma cadeia de desenvolvimento, produção e abastecimento de medicamentos “potentes, complexos e difíceis de fabricar”.

Em relação ao futuro, indicou que a Bluepharma está a trabalhar na área dos injetáveis complexos, tendo já um projeto aprovado no Plano de Recuperação e Resiliência, dentro dos programas das Agendas Mobilizadoras.

“A Bluepharma pretende com este projeto transformar o conhecimento gerado nas universidades em valor, através da sua translação para o ambiente empresarial”, referiu.

Nesta ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, realçou a energia, o profissionalismo e a criatividade de “uma grande empresa”, “pioneira em Portugal”, que contribui não só para o desenvolvimento de Coimbra, como do país e até da Europa.

“Passamos a ter mais uma joia da coroa, a funcionar também como cartão de visitas das capacidades instaladas em Coimbra”, considerou.

A Bluepharma é um grupo farmacêutico constituído por 20 empresas, que emprega mais de 750 colaboradores.

Em 2022 exportou cerca de 90% da sua produção, para mais de 100 empresas multinacionais em 40 países.