A euro-região Norte de Portugal, Galiza, Castela e Leão pretende criar um número de emergência comum (112), até 2020, com vista a otimizar recursos e minimizar tempos de resposta em situações de socorro, foi hoje anunciado.
No âmbito da apresentação da 1.ª fase do projeto transfronteiriço ARIEM-112 (Assistência Reciproca Inter-regional em Matéria de Emergências), o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDRN), Duarte Vieira, afirmou que no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio (2014-2020) será possível “estabelecer plataformas de colaboração” entre as duas regiões autónomas espanholas e o Norte de Portugal.
A ideia é “criar um 112 único para esta euro-região”, o que implicará “ultrapassar obstáculos do ponto de vista regulamentar e administrativo”.
Apesar de existirem já situações pontuais em que a colaboração entre meios de socorro espanhóis e portugueses já cooperam, como incêndios e operações de resgate mais difíceis, falta ainda permitir que haja uma partilha de meios ao nível do socorro.
Duarte Vieira salientou, por exemplo, existirem dois centros de atendimento telefónico de emergências nas regiões espanholas, enquanto no lado Norte de Portugal existem cinco centros de coordenação.
Neste caso, disse, será preciso criar uma plataforma informática única, bem como um sistema de rádio comum, que permita otimizar todos os recursos de emergência disponíveis.
“Não há estandardização de plataformas. Há muito por fazer, muita legislação… O [próximo] Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) pode ser uma grande oportunidade para ultrapassar estas dificuldades”, frisou.
Com este projeto no terreno, passará a ser possível que um português que viva numa localidade fronteiriça seja assistido por uma equipa espanhola.
De acordo com o trabalho já realizado no âmbito do ARIEM-112, hoje de manhã apresentado no Porto, nesta euro-região registaram-se, em 2010, mais de 271 mil chamadas para o 112, apesar de apenas terem sido acionados meios para 64.482 telefonemas.
Segundo Tiago Gonçalves, que coordena o 112 no Porto, “cerca de 60 por cento das chamadas para este número de emergência são indevidas”, o que não significa serem chamadas falsas.
Para este responsável, com o ARIEM-112 no terreno, a funcionar, haverá “um aproveitamento de recursos”.
Também o comandante do centro distrital de operações e socorro de Bragança, Carlos Alves, enalteceu “a otimização dos recursos identificados”.
“Há já vários protocolos transfronteiriços e funcionam bem. É ao nível do socorro que este projeto vem colmatar” falhas de colaboração, acrescentou Carlos Aves.
Em termos de recursos de emergência disponíveis nas duas regiões espanholas e no Norte do país, existem 1.196 efetivos contra incêndios e salvamento, 73 esquadras de forças de segurança, 121 equipas para emergências especializadas, 2.623 veículos contra incêndios e salvamento, oito helicópteros medicalizados, quatro helicópteros de resgaste e 211 instituições de saúde, entre hospitais, centros de saúde e bases de ambulâncias.
Esta 1.ª fase do projeto, que consistiu exatamente na identificação dos meios de emergência disponíveis, representou um investimento de 400 mil euros, dos quais 300 mil foram comparticipados por fundos comunitários específicos para projetos transfronteiriços (POCTEP).
06 de julho de 2012
@Lusa
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