Um médico afirma estar "apavorado" pela falta de equipamentos de proteção para a equipa de saúde.

"Talvez no meu caso não seja grave sou jovem e tenho uma boa saúde mas não posso suportar a ideia de infectar os meus pacientes com uma doença que pode matá-los. E esse é o risco", escreveu no jornal The Guardian.

Recomendações da Direção-Geral da Saúde (DGS)

  • Caso apresente sintomas de doença respiratória, as autoridades aconselham a que contacte a Saúde 24 (808 24 24 24). Caso se dirija a uma unidade de saúde deve informar de imediato o segurança ou o administrativo.
  • Evitar o contacto próximo com pessoas que sofram de infeções respiratórias agudas; evitar o contacto próximo com quem tem febre ou tosse;
  • Lavar frequentemente as mãos, especialmente após contacto direto com pessoas doentes, com detergente, sabão ou soluções à base de álcool;
  • Lavar as mãos sempre que se assoar, espirrar ou tossir;
  • Evitar o contacto direito com animais vivos em mercados de áreas afetadas por surtos;
  • Adotar medidas de etiqueta respiratória: tapar o nariz e boca quando espirrar ou tossir (com lenço de papel ou com o braço, nunca com as mãos; deitar o lenço de papel no lixo);
  • Seguir as recomendações das autoridades de saúde do país onde se encontra.

As equipas de saúde "preocupam-se menos com elas próprias do que com a propagação da doença aos seus pacientes. E também não são testadas" para o vírus da Covid-19, afirmou à AFP Rosena Allin-Khan, deputada trabalhista do Tooting, no sul de Londres, e médica do Hospital Universitario St George.

Os poucos testes disponíveis são reservados, de momento, aos doentes mais graves. No entanto, a recomendação para médicos e enfermeiros que apresentam sintomas do coronavírus é que permaneçam isolados durante duas semanas.

Se houvesse testes suficientes, "essas pessoas poderiam ser mantidas no trabalho, caso os resultados dessem negativo, ao invés de se privar delas porque precisam ser confinadas", afirmou um consultor anónimo do serviço de saúde pública NHS.

Este médico do nordeste de Londres também aponta o perigo para os familiares da equipa médica, que estão muito expostos e correm, portanto, risco de transmitir o vírus.

 "À beira do colapso"

Diante da pandemia, os funcionários de saúde fizeram uma revisão aos seus métodos de trabalho.

"Foram suspensas todas as visitas de rotina, e estamos a fazer consultas telefónicas quando possível", conta Nathalie, uma terapeuta ocupacional do serviço de saúde pública no centro da Inglaterra.

Em relação às visitas de urgência, disse à AFP, "se o paciente não tiver sintomas, usamos álcool gel para as mãos, mas se tiver sintomas, usamos uma van e fazemos a visita na parte 'limpa' da van, usando um material de proteção que descartamos depois".

Apesar deste protocolo, não se sente "particularmente" protegida. "O fato de não apresentar sintomas não significa que não o tenha, podem andar com o vírus sem que ninguém saiba".

Um centro de saúde no norte de Durham está a receber máscaras cirúrgicas sem validade desde 2016, denunciou o deputado trabalhista Kevan Jones na quarta-feira.

O primeiro-ministro Boris Johnson respondeu que há "um enorme esforço em andamento (...) para garantir um fornecimento adequado de equipamentos de proteção pessoal não só agora, mas durante toda a epidemia".

No entanto, isto não tranquilizou a Associação Médica Britânica. "Os funcionários dizem-nos que tentam comprar máscaras nas lojas de ferramentas, desesperados porque não são fornecidas pelos seus empregadores. Isso é totalmente inaceitável", denunciou a associação.

A epidemia de coronavírus chega num mau momento para o NHS, que já enfrentava uma escassez de funcionários. Durante a sua campanha eleitoral, Johnson prometeu 50.000 enfermeiras a mais e a renovação ou construção de hospitais.

"Já não tínhamos médicos e enfermeiras suficientes no local", lamenta Allin-Khan, apontando os anos de austeridade orçamental sob vários governos conservadores. "Portanto, é muito difícil adicionar pressão ao NHS que já está à beira do colapso".

Para aliviar a tensão no serviço de saúde, o governo prometeu na quinta-feira 2.900 milhões de libras de financiamento, parte dos quais serão utilizados para acelerar o processo de alta dos pacientes hospitalizados, com o objetivo de libertar 15.000 camas de hospital para os fins de março.

Pandemia alastra

Ao todo, já morreram em todo o mundo 10.049 pessoas e há 246.522 casos contabilizados. Apenas um terço recuperou (88.486).

Itália superou a China esta quinta-feira no número de mortes por coronavírus, com 427 novos óbitos em 24 horas, o que levou a um total de 3.405, segundo dados oficiais do governo italiano.

Assim, Itália (3.405) tornou-se o país com mais mortes por COVID-19, à frente da China (3.245), Irão (1.284) e Espanha (1.002).

A doença parece estar a infetar as pessoas a um ritmo mais rápido: os primeiros 100.000 casos demoraram três meses a aparecer, mas os segundos surgiram num intervalo de apenas 12 dias, adverte a Organização Mundial de Saúde que alerta para a rápida propagação da pandemia.

Devido à pandemia, foram vários os Estados-membros da UE que adotaram medidas para promover o isolamento social, tentando assim conter o surto. Portugal incluído.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) anunciou esta sexta-feira a existência de seis mortes e 1.020 casos de COVID-19. O número total de infetados cresceu 235 em relação a ontem, uma subida que representa um aumento de 30% em relação aos dados de quinta-feira.

De acordo com o boletim diário da Direção-geral da Saúde (DGS), registaram-se até ao momento 1.020 casos confirmados de COVID-19 em Portugal, 850 aguardam resultado laboratorial, 5 recuperados e 9008 em vigilância pelas autoridades.

A doença já se alargou a 176 países e territórios, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar a situação como de pandemia.

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