Já alguma vez esteve parado no trânsito quando, de repente, uma música agradável começa a tocar na rádio e fica de bom humor?

As nossas emoções e sentimentos estão tipicamente associados ao lado direito do cérebro. Por exemplo, o processamento emocional nas expressões do rosto é feito no lado direito do hemisfério.

Contudo, um estudo australiano recente está a colocar em causa a ideia de que as emoções e os sentimentos pertencem exclusivamente ao hemisfério direito do cérebro.

A investigadora Sharpley Hsieh, juntamente com os seus colegas, do instituto Neuroscience Research Australia, descobriram que as pessoas com demência semântica, uma doença em que zonas do lado esquerdo do cérebro são extremamente afetadas, têm dificuldade em reconhecer emoções na música.

Estas descobertas têm fortes implicações na nossa perceção sobre como a música, a linguagem e as emoções estão ligadas pelo cérebro.

“É sabido que o processamento, esteja o rosto alegre ou triste, é limitado nas pessoas que perderam zonas vitais do hemisfério esquerdo, como acontece nas pessoas que têm alzheimer ou demência semântica”, conclui a investigadora Hsieh, em declarações publicadas no jornal Neupsychologia.

“Este é o primeiro estudo em doentes com demência que mostra as áreas do cérebro correspondentes à linguagem-base, principalmente no lado esquerdo, são importantes para extrair o significado emocional da música. As nossas descobertas sugerem que o cérebro considera que as melodias e o discurso são similares e que as partes sobrepostas do cérebro são necessárias para os dois”, conclui Hsieh.

Como o estudo foi feito

A investigadora Sharpley Hsieh, juntamente com os seus colegas, estudaram pessoas com a doença de alzheimer, com demência semântica e pessoas saudáveis sem qualquer doença. A experiência baseou-se em apresentar aos participantes músicas novas e diferentes e eles tinham de identificar se a música era alegre, triste, pacífica ou assustadora. Enquanto os participantes indicavam a sua opinião sobre qual o sentimento que a música transmitia, era realizada uma Ressonância Magnética Imagética Funcional (fMRI), para que as zonas afetadas do cérebro pudessem ser comparadas estatisticamente com as respostas que resultaram do teste musical.

Os doentes com alzheimer e demência semântica tiveram dificuldade em decidir se o rosto parecia alegre ou triste, pois a amígdala do lado direito do hemisfério estava afetada. Os doentes com demência semântica tiveram problemas adicionais em identificar se a música era alegre ou triste, pois o lóbulo temporal no hemisfério esquerdo do cérebro encontrava-se afetado.

05 de junho de 2012

@SAPO