Num relatório publicado esta sexta-feira (16/09) pela revista científica britânica The Lancet, investigadores do Brasil e do Reino Unido mostram novas provas de que o Zika é o responsável pelos novos casos de microcefalia em bebés de mães infetadas com o vírus durante a gravidez.
Quase metade de um grupo de 32 recém-nascidos com microcefalia no Brasil apresentou rastos do vírus no sangue e no líquido cefalorraquiano. No grupo de controlo, nenhum dos 62 bebés sem a malformação deu positivo para a presença do vírus.
Essa "associação evidente" - afirmam os cientistas - leva a concluir "que a epidemia de microcefalia é o resultado de uma infeção congénita do vírus".
Nesse caso, advertem, "deveríamos preparar-nos para uma epidemia de microcefalia estendida a todos os países onde existe transmissão local do vírus e àqueles para onde é provável que se propague", lê-se no estudo.
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"Recomendamos (...) que nos preparemos para uma epidemia global de microcefalia e outros transtornos associados à síndrome congénita do Zika", completa a equipa.
Os investigadores também recomendam acrescentar o Zika à categoria de infeções congénitas capazes de afetar a saúde do bebé antes ou durante o nascimento. A lista inclui atualmente a toxoplasmose, sífilis, rubéola, citomegalovírus, VIH e herpes.
O vírus Zika transmite-se principalmente através da picada de mosquitos infetados e, em raras ocasiões, por via sexual. Na maioria dos casos, a infeção provoca apenas sintomas brandos. Outros estudos científicos associaram o Zika a casos pouco frequentes de transtornos neurológicos em adultos, como a Síndrome de Guillain-Barré (GBS), que pode causar paralisia e morte.
Mais de 1,5 milhões de pessoas foram infetadas com este vírus, principalmente no Brasil, o país mais afetado, e mais de 1.600 bebés nasceram com microcefalia desde o ano passado, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Até o momento, não existe tratamento, nem vacina, contra o vírus.
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