
Para lutar contra este "inimigo da Humanidade", como definiu a Organização Mundial da Saúde (OMS), que já infectou mais de 210.000 pessoas e matou mais de 9.000, Europa e Estados Unidos anunciaram ajuda pública maciça.
Esta quinta-feira, as Bolsas europeias, que registaram quedas expressivas nos últimos dias, pareciam reagir bem aos anúncios do Banco Central Europeu e operavam de maneira positiva.
A COVID-19 continua a alastrar sem fazer distinção da classe social, raça ou continente. O negociador europeu para o Brexit, Michel Barnier, anunciou que teve resultado positivo para o coronavírus.
Itália, com quase 3.000 mortes, é o país europeu mais afetado pela pandemia, que já é mais letal na Europa que na Ásia.
Uma semana depois do início do confinamento da população, o país registou 475 mortes na quarta-feira, o pior balanço diário em apenas um dia num único país, inclusive acima do pior momento da epidemia em Wuhan, berço da doença.
A China, porém, não registou nas últimas 24 horas nenhum caso de contágio local e anunciou 34 casos em pessoas procedentes do exterior.
Silêncio angustiante
O novo coronavírus também provocou a primeira morte na África subsaariana, em Burkina Faso.
"A África precisa acordar e preparar-se para o pior", advertiu o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.
A Rússia também registou a primeira morte provocada pela COVID-19.
Em Espanha, com mais de 17.000 casos e 767 mortes, é o quarto país do mundo mais afetado pela pandemia, o que levou o governo a declarar estado de alerta e decretar uma quarentena quase total.
Na quarta-feira à noite, o rei Felipe VI pediu unidade aos espanhóis num período complicado para o país, num discurso exibido na TV. Durante o discurso, ouviram-se pessoas a bater com panelas em cidades como Madrid e Barcelona em protesto contra a monarquia.
No Reino Unido, que superou a marca de 100 mortos, as autoridades ordenaram o encerramento das escolas a partir de sexta-feira. O metro de Londres também fechou parcialmente esta quinta, segundo a recomendação do governo de evitar os deslocamentos não essenciais.
De acordo com a Unesco, mais de 850 milhões de crianças e adolescentes, quase metade dos estudantes no planeta, estão sem aulas após os centros de ensino terem sido fechados.
Para tentar conter a propagação do vírus, cada vez mais países anunciam restrições às deslocações.
Austrália e Nova Zelândia anunciaram mais medidas para limitar o acesso aos seus territórios. Israel também fechou as fronteiras a todos os estrangeiros, com exceção daqueles com visto de residência.
Mais de 500 milhões de pessoas estão confinadas nas suas casas, de acordo com um balanço da AFP.
"A única coisa que me angustia é o silêncio. Não se ouve nenhum barulho, nenhum carro, as ruas estão vazias... Quando saímos para caminhar e ouvimos passos atrás de nós, quase que dá medo, viramo-nos preocupado", afirma o italiano Roberto Fichera, 84 anos, morador de Roma.
Em Itália, as medidas de confinamento, previstas até 3 de abril, serão prolongadas, anunciaram as autoridades.
Em França, onde os habitantes só podem sair de casa para ir ao supermercado, ao médico ou para trabalhar (quando o trabalho à distância não é possível), provavelmente também prolongará as medidas além dos 15 dias previstos inicialmente.
Na Alemanha, que tem mais de 10.000 casos, a chanceler Angela Merkel pediu aos compatriotas que sigam as recomendações de limitação dos deslocamentos, "imprescindíveis para salvar vidas".
Na América Latina, o vírus também avança, com mais 1.300 contágios e 10 mortes. O Chile, com 200 casos, decretou "estado de catástrofe" e enviou os militares para as ruas.
Colômbia e Bolívia anunciaram emergência sanitária. Na Argentina, que registou a terceira vítima fatal, os voos domésticos, viagens de autocarros e de comboios de longa distância serão suspensas por cinco dias.
Cuba e Costa Rica também registaram as primeiras mortes.
No Brasil, com mais de 400 casos confirmados, o presidente Jair Bolsonaro criticou a "histeria" nas reações mundiais à pandemia, mas dois ministros do seu gabinete apresentaram resultado positivo para o novo coronavírus.
Uma medida "extraordinária"
No plano económico, todos os setores registam desaceleração. General Motors e Ford anunciaram a suspensão da produção de automóveis na América do Norte.
Para o CEO da Lufthansa, com mais de 90% dos aviões parados, o futuro da aviação está em perigo sem ajudas públicas.
A pandemia poderá destruir 25 milhões de empregos em todo o mundo, advertiu a Organização Internacional do Trabalho, que pediu a adoção de medidas de "grande magnitude" para proteger os trabalhadores e reativar a economia.
Neste contexto excepcional, o Banco Central Europeu (BCE) anunciou na quarta-feira à noite a criação de um mecanismo de 750 mil milhões de euros para a compra de títulos da dívida pública e privada, com o objetivo de proteger a economia europeia do impacto da COVID-19.
Uma iniciativa "extraordinária", de acordo com a presidente da instituição, Christine Lagarde. A medida foi elogiada pelos líderes da União Europeia.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump, que durante muito tempo pareceu minimizar a dimensão da pandemia, promulgou um plano de ajuda social de 100 mil milhões de dólares, destinados aos trabalhadores afetados. A Casa Branca negocia um plano de estímulo económico, que poderia alcançar 1,3 trilhão de dólares.
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