“Enquanto nós não ultrapassarmos esses complexos enquanto país, nós não vamos conseguir ter uma saúde pública que possa aproveitar a capacidade instalada e os recursos humanos dos três setores [público, social e privado]”, defendeu o líder do maior partido da oposição.
No final de uma visita ao hospital de Faro, uma das principais unidades do CHUA, e no segundo de quatro dias de iniciativas dedicadas ao setor, Luís Montenegro voltou a defender “um entendimento entre setores” e a “complementaridade” entre os setores público, social e privado.
O presidente do PSD pediu ao Governo para “assumir” e não se “envergonhar” ou “esconder da realidade” os contratos que as unidades de saúde pública já têm com o setor social e o setor privado.
“O Governo, eu sei que não gosta de o admitir, fala até de forma algo envergonhada, mas o que eu sei e que vejo todos os dias […] é que estas unidades do Serviço Nacional de Saúde hoje já têm contratos de prestação de serviços, precisamente com entidades sociais e com entidades do setor privado” disse Montenegro, incentivando o executivo socialista para que “assuma, não se tenha vergonha, não se esconda a realidade”.
O líder social-democrata insistiu que essa já é a “realidade” do Sistema Nacional de Saúde (SNS) e pediu uma “política verdadeira, corajosa, consistente, coerente e que possa ser uma otimização dos recursos públicos, incluindo os financeiros”.
Luís Montenegro afirmou que confirmou que os recursos humanos (médico, enfermeiros e pessoal auxiliar) são atualmente o principal motivo de preocupação no SNS e disse que esse serviço público “está hoje a viver momentos de grande tormenta” em todo o país, sendo que “no Algarve evidencia um patamar acrescido”.
O social-democrata defendeu o desenvolvimento de “outras políticas públicas”, dando os exemplos da habitação e da educação, para dar “qualidade de vida e bem-estar aos profissionais de saúde”, uma questão que considerou “essencial para que eles possam sentir-se atraídos para poderem prestar serviço em regiões como esta”.
“Nós propomos, por exemplo, na questão dos médicos de família, temos mais de 1,7 milhões de portugueses sem médico de família, que precisamente possa haver uma contratualização direta com entidades sociais e com entidades privadas no âmbito da saúde familiar, como acontece já em alguns municípios do país”, disse Montenegro, acrescentando que é uma das propostas do PSD que vai ser discutida na quinta-feira na Assembleia da República.
O presidente do PSD prosseguiu hoje a sua agenda dedicada à Saúde, em Faro de manhã e na Trofa à tarde, culminando na quinta-feira com um agendamento parlamentar sobre o setor, em que o partido levará a voto cinco recomendações ao Governo com propostas mais imediatas, como o reforço do SNS, a generalização dos médicos de família, o acesso a medicamentos e cuidados continuados e paliativos e a redução das listas de espera para cirurgias, consultas e exames.
Interrogado sobre se “já consegue fazer uma avaliação do papel do diretor executivo do SNS”, Fernando Araújo, Montenegro respondeu que não, mas que não é só ele.
“O Governo também não consegue, porque ainda não regulamentou a direção executiva do SNS”, referiu.
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