Os grupos elegíveis para a vacinação preventiva foram definidos pela Direção-Geral da Saúde na norma relativa à vacinação humana por vírus Monkeypox, hoje atualizada e divulgada, e envolvem “pessoas com risco acrescido” de contrair a infeção.
Passam a ser elegíveis para vacinação pessoas com idade superior ou igual a 18 anos, nomeadamente homens que têm sexo com homens (HSH), mulheres e pessoas trans, em tratamento preventivo contra o vírus da imunodeficiência humana (PrEP para VIH) e diagnóstico de, pelo menos, uma infeção sexualmente transmissível (IST) nos últimos 12 meses, refere a DGS.
Fazem também parte destes grupos HSH que vivam com VIH e diagnóstico de pelo menos uma infeção sexualmente transmissível (IST) nos últimos 12 meses, HSH e pessoas trans envolvidas em sexo comercial, homens que fazem sexo com homens com imunossupressão grave.
Os profissionais de saúde, com elevado risco de exposição, envolvidos na colheita e processamento de produtos biológicos de casos de infeção, também fazem parte da estratégia de vacinação preventiva, segundo a norma da DGS.
De acordo com a autoridade de saúde, “a estratégia logística de vacinação preventiva será gerida ao nível de cada região de saúde, após identificação dos cidadãos elegíveis em consulta de especialidade”.
Em declarações à agência Lusa, a secretária de Estado da Promoção da Saúde, Margarida Tavares, explicou que a vacinação preventiva arranca com a publicação da norma, mas ressalvou que o processo exige uma logística, nomeadamente ao nível da prescrição da vacina.
“No caso da pré-exposição, quando era identificado um caso, a autoridade de saúde identificava os seus contactos, contactava esses contactos, propunha-lhes a vacinação e orientava-os para a vacinação. Neste caso é diferente, as pessoas não foram expostas e não são contacto de casos”, disse Margarida Tavares.
Assim, explicou, estas pessoas serão orientadas a partir das suas consultas habituais, nomeadamente de Profilaxia Pré-Exposição para o VIH, de tratamento VIH, consultas de infeções sexualmente transmissíveis, no âmbito da infecciologia e da dermatologia, mas também por algumas organizações de base comunitária mais próximas de algumas destas “populações chave” que poderão orientar para vacinação em consultas médicas.
A ex-diretora do Programa Prioritário para a área das Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana da DGS salientou também o facto de a Monkeypox ter atingido de forma “muito heterogénea o país”.
“Obviamente que as pessoas que vivem no Alentejo não têm a mesma incidência das pessoas que vivem em Lisboa”. Portanto, disse, as incidências são muito diferentes e por isso cada ARS irá definir junto dos seus serviços o processo de vacinação, adaptado à epidemiologia da situação que têm.
Sobre a norma hoje atualizada, Margarida Tavares disse que implica “duas grandes alterações”: alargar a vacinação pós-exposição para a vacinação preventiva e a alteração da via de administração da vacina e a dose administrada, tendo em conta o aumento da procura desta vacina globalmente.
Com a possibilidade de se administrar a vacina por via intradérmica, em vez da via subcutânea, pode utilizar-se um quinto da dose por pessoa e multiplicar, em médica, por quatro o número de vacinas, realçou.
Margarida Tavares assinalou a “diminuição marcada” do número de infeções nas últimas quatro semanas, mas, afirmou, “isto não significa que estejamos confiantes ou que levantemos a guarda. Nada disso”.
“De facto, há uma diminuição, mas pode ainda não estar suficientemente sustentada. E nós, de facto, não queremos precipitar-nos”, disse, lembrando que a covid-19 também “andou em ondas”.
“E portanto, nós estamos neste momento numa fase claramente descendente em termos de incidência, mas nada nos garante que não possamos ter um novo aumento e, portanto, queremos ser muito cautelosos nesta descida”, rematou.
Segundo os últimos dados, Portugal registou pelo menos 908 casos de Monkeypox desde o início do surto.
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