Adalberto Campos Fernandes afirmou, em declarações aos jornalistas, que 2016 foi o ano em que “mais médicos entraram para o SNS e que todos os médicos que se especializam em Portugal são integrados no SNS”, na sequência de críticas do bastonário da Ordem dos Médicos sobre a contratação de tarefeiros. “É preciso explicar que grande parte destes médicos que são chamados de tarefeiros são médicos que trabalham no SNS e que prestam serviço noutras unidades de saúde”, acrescentou o ministro.

O ano “2016 foi o ano em que mais portugueses vieram ao SNS - estou a falar de factos e não de interpretações, nem estou a comentar títulos de jornais. Não é o Governo que o diz é a Universidade Nova”, referiu.

O bastonário da Ordem dos Médicos criticou na quarta-feira o ministro da Saúde pelo recurso à contratação de médicos tarefeiros, apontando que "tudo fará" para que os médicos que trabalham no Serviço Nacional de Saúde (SNS) sejam de facto contratados.

Críticas do bastonário

"Acho profundamente lamentável” que seja no mandato do atual ministro da Saúde - “que é médico e que foi um dos grandes defensores de contratar os médicos para o serviço de saúde e de acabar progressivamente com a contratação de médicos através de empresas prestadoras de serviços - que a contratação de médicos através de empresas prestadoras de serviços atingiu o seu valor mais alto", disse Miguel Guimarães, à margem de uma visita ao Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho.

O bastonário considerou que esta situação "tem repercussões na qualidade da medicina que se pratica em Portugal", apontando que "as empresas prestadoras de serviços não têm face".

Segundo o ministro da Saúde, o ano passado foi o que, “tendo o inverno a maior procura por concentração epidémica da gripe de que há memória nos últimos anos, as respostas foram as melhores”.

Campos Fernandes referiu ainda que o Ministério está a trabalhar com os sindicatos para iniciar um movimento de reposição do trabalho extraordinário.

O ministro falava sobre “Os grandes desafios do Sistema de Saúde” na sessão inaugural do Ciclo de Conferências que abordam temáticas transversais à sociedade, relacionadas com a Saúde, o Ensino, a Investigação e a Europa. A iniciativa é organizada pela Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto.

Durante a intervenção, Adalberto Campos Fernandes afirmou ainda que “uma emigração imposta” de profissionais de saúde “não pode acontecer”, mas “uma emigração voluntária pode ser positiva para o desenvolvimento pessoal e profissional”. “Estive esta segunda-feira na reunião informal de ministros da Saúde da Europa e este foi um dos temas debatido, o problema da circulação dos profissionais entre os diferentes países”, disse.

“Vários países relataram aquilo que é hoje a dificuldade de países com uma formação de qualidade, de elevado valor: perderem esses médicos ou esses enfermeiros, profissionalmente habilitados, para países que têm maior capacidade de pagamento e de emprego. É um problema europeu”, sublinhou.

“Uma emigração imposta não pode acontecer, temos de fazer tudo para reter no nosso país os nossos melhores, até porque os nossos doentes, os nossos cidadãos precisam deles. [Mas] uma emigração voluntária é bom para o desenvolvimento das próprias profissões e para o desenvolvimento individual das pessoas”, referiu.