A campanha passa, em parte, pela distribuição de panfletos por todos os centros de saúde e serviços de pediatria a nível nacional, alertando para a necessidade de um diagnóstico precoce do retinoblastoma, um tumor que é exclusivamente tratado no Centro de Referência Nacional de Onco-Oftalmologia, no CHUC, que funciona desde 2015.

"As crianças aparecem tardiamente e este é um tumor que quanto mais precoce" maiores são as probabilidades de sobrevivência do olho e da não utilização de tratamentos mais evasivos, explicou o diretor do Centro de Referência Nacional de Onco-Oftalmologia, Joaquim Murta, em conferência de imprensa.

O responsável pela área da oftalmologia no Centro de Referência, Guilherme Castela, referiu que, em quatro anos de funcionamento, foram tratados 36 crianças com este tumor, 23 das quais portuguesas.

"80% chegam em fase tardia e tivemos que retirar, em 11 doentes, o olho, porque já chegaram mais tarde", disse, salientando que, num diagnóstico precoce, para além de se salvar o olho, é também possível manter a visão.

Este tumor, que pode matar, pode ser facilmente diagnosticado, sublinhou, explicando que um dos sintomas é um reflexo branco na pupila, notado em ambientes de pouca luz ou numa fotografia tirada com flash e sem a câmara estar configurada com a remoção automática do olho vermelho.

Segundo a oncologista pediátrica do CHUC Sónia Silva, já há a promessa da Direção-Geral de Saúde de incluir orientações em torno deste tumor no boletim de saúde infantil e juvenil.

Para o presidente do CHUC, Fernando Regateiro, "é fundamental sensibilizar a população para detetar situações em que, havendo uma atuação precoce, poderão ser tratadas com melhores resultados".

A campanha tem como público-alvo fundamentalmente os profissionais de saúde, nomeadamente os médicos de medicina geral e familiar e os pediatras, e conta com o apoio da Direcção Geral de Saúde, Comissão do Plano Nacional para as Doenças Oncológicas, Colégio da Especialidade de Oftalmologia da Ordem dos Médicos e da Acreditar (Associação de Pais e Amigos de Crianças com Cancro).

“Para a Acreditar, na qualidade de associação de referência para a oncologia pediátrica, é extremamente importante dar todo o suporte a campanhas de sensibilização como a do retinoblastoma, na medida em que qualquer diagnóstico precoce pode ter uma influência decisiva na vida das crianças”, disse Margarida Cruz, diretora-geral da Acreditar.