Os dados são recentes: o consumo de tabaco aumentou nos últimos cinco anos em Portugal, de acordo com o último relatório do Serviço de Intervenção nos Comportamentos Aditivos e nas Dependências (SICAD).

Alfredo Martins, médico e coordenador do Núcleo de Estudos de Doenças Respiratórias (NEResp) da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna (SPMI), considera que é importante criar mensagens antitabágicas dirigidas especificamente ao sexo feminino "para aumentar a sua eficácia".

"A inclusão de algumas especificidades de sexo (masculino ou feminino) nessas mensagens" pode ajudar a combater o vício, "embora não sejam determinantes", alerta o médico internista a propósito do Dia Europeu do Ex-Fumador, que se assinala a 26 de setembro.

Segundo o médico, não será por falta de informação sobre os riscos do tabaco que muitos portugueses continuam a fumar. O especialista da SPMI confirma que fala sobre o assunto em todas as primeiras consultas e nas subsequentes no caso de fumadores ativos e passivos e é com base nas observações feitas que acredita "que os portugueses estão hoje mais informados sobre os riscos do tabaco", acredita o especialista.

"Esse conhecimento não é contudo suficiente para que tenham uma consciência plena e duradoura desse risco, sobretudo nos que continuam a fumar e que são, segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2014, 30% dos homens e 15% das mulheres", comenta o médico.

Querer é o principal fator para largar o vício

Para deixar de fumar, a vontade é "o fator mais importante para o sucesso da decisão de cessar o tabagismo", mas não é suficiente. "Está demonstrado que o aconselhamento dos médicos e de outros membros da equipa de saúde melhoram as taxas de sucesso da cessação tabágica. É necessário que a equipa de saúde ajude na definição do plano de cessação em cada caso, dê conselhos práticos e informe e recomende o uso dos fármacos recomendados, ajustados às necessidades específicas de cada caso", explica o médico.

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Fumar é a primeira causa evitável de doença, incapacidade e morte prematura nos países desenvolvidos, reforça a OMS, que acrescenta que a pandemia do tabagismo foi responsável por 100 milhões de mortes no século XX e, se não for travada, poderá vir a matar outros mil milhões neste século.

Por cá, os dados da Direção-Geral da Saúde revelam que uma em cada cinco mortes observadas em pessoas, de ambos os sexos, entre os 45 e os 64 anos, são atribuíveis ao consumo de tabaco.

Segundo o Inquérito Nacional de Saúde 2014, existem em Portugal cerca de 1,78 milhões de fumadores com 15. Quanto aos ex-fumadores, são 21,7% dos residentes com a mesma idade.