Os hospitais devem à indústria farmacêutica mais de mil milhões de euros e os prazos médios de pagamento são superiores a um ano quando deviam ser de um máximo de três meses, revelou a associação do setor.

Segundo o presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, a dívida dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde aos laboratórios que fornecem os medicamentos é atualmente de 1.060 milhões de euros. Quanto aos prazos médios de pagamento, situam-se entre os 380 e os 400 dias.

“A indústria encara isto de forma muito preocupada, em certos casos dramática. É uma situação dificilmente compreensível num contexto económico normal. Numa altura de crise financeira é extremamente preocupante, porque os instrumentos que os agentes económicos tinham ao seu dispor para ultrapassar estas dificuldades de falta de pagamento, hoje em dia, com dificuldade de financiamento da banca, tornam-se muito mais complicados”, comentou em entrevista à agência Lusa o representante da indústria.

Contudo, João Almeida Lopes rejeita que os laboratórios equacionem ameaçar cortar o fornecimento de medicamentos aos hospitais: “Quando estamos a falar de medicamentos que podem salvar vidas, é difícil pensar em atitudes desse tipo”.

Segundo a Apifarma, cerca de 1.500 trabalhadores da indústria farmacêutica em Portugal perderam o emprego no último ano.

Houve ainda duas companhias farmacêuticas estrangeiras que encerraram os seus escritórios em Portugal e outras três ou quatro que passaram a ter mais atividade a partir de Espanha.

Neste momento, os laboratórios farmacêuticos empregam em Portugal cerca de 11 mil pessoas, a maior parte com elevadas qualificações, segundo o presidente da associação da indústria farmacêutica.

João Almeida Lopes estima um decréscimo do mercado em 20 por cento no primeiro trimestre deste ano, que, diz, continuará certamente a ter reflexos nos postos de trabalho.

18 de abril de 2011

Fonte: LUSA/SAPO