As equipas médicas da Maternidade Dona Estefânia foram hoje informadas de que o bloco de partos daquela unidade hospitalar lisboeta vai encerrar a 7 de junho, decisão que contestam por “prejudicar os cuidados de saúde à população”.

Durante a manhã, a administração da Maternidade Dona Estefânia, em Lisboa, esteve reunida com funcionários do hospital pediátrico para informar sobre a decisão de encerrar o bloco de partos, um dia após as eleições legislativas. Na reunião, os técnicos foram ainda informados de que as consultas e o bloco operatório deverão continuar a funcionar normalmente.

No final do encontro, médicos e enfermeiros reuniram-se à porta do serviço de urgências da maternidade para contestar a medida.

“Fomos confrontados com o encerramento do bloco de partos e lamentamos como todo o processo foi conduzido”, contou aos jornalistas Maria Silva, assistente hospitalar na Estefânia, alertando para o facto de tal decisão “prejudicar os cuidados perinatais às populações”.

A especialista lembrou que na Estefânia existem “recursos que noutros sítios não existem”. Por exemplo, as crianças que nascem com doenças, como hérnias do diafragma, necessitam de uma intervenção imediata ao parto que só existem naquele serviço de saúde.

Além destas situações, lembrou a responsável, existem neste momento quatro crianças que “vão ver o seu diagnóstico altamente prejudicado por não nascerem aqui”.

Apesar de não haver nenhum documento escrito a explicar as decisões, Maria Silva diz que foi informada de que as equipas da Estefânia vão passar a “assegurar uma vez por semana, com duas equipas de urgência, a Alfredo da Costa”.

Paula Caetano, responsável pelo Centro de Diagnóstico Pré-Natal, alertou para o facto de o encerramento do bloco de partos “prejudicar os recém-nascidos”, lembrando que naquela maternidade nascem cerca de duas mil crianças por ano.

A enfermeira Sandra Costa juntou a sua voz às críticas: “Não fomos ouvidas nem alertadas para o facto. Nós ajudámos a abrir a maternidade e agora vamos fazer tudo para não deixar encerrar”, garantiu em declarações aos jornalistas.

O professor Gentil Martins também fez questão de estar presente para dar apoio às equipas da Dona Estefânia. “Não concordo com a decisão. Esta é uma maternidade de excelência, moderna e que funciona bem”, criticou.

Em declarações à Lusa, o ex-director da maternidade lamentou que em Portugal “não se faça um plano de saúde que dure além de um governo". Para Gentil Martins "é preciso ouvir os técnicos e ver os resultados junto da população para conseguir planear a saúde ao longo do prazo”.

Gentil Martins faz parte da Plataforma Cívica em Defesa do Património do Hospital Dona Estefânia, que já na semana passada tinha mostrado preocupação com o eventual encerramento das urgências da maternidade.

27 de maio de 2011

Fonte: Lusa/SAPO