O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, adiantou na quinta-feira que vai ser operado a "uma pequena hérnia inguinal, de oito centímetros", antes do Natal, em princípio, no Hospital das Forças Armadas, em Lisboa. Segundo o próprio, terá "aí oito a dez dias de recuperação da intervenção cirúrgica", o que significa que "as festas do Natal serão reduzidas ao mínimo".
"Uma hérnia inguinal é um aumento de volume localizado na zona da virilha, que surge devido a uma fraqueza da parede abdominal nesta zona e é constituída por conteúdo do interior do abdómen, que pode ser gordura, intestino ou bexiga", explica a médica e cirurgiã-geral Sónia Ribas.
"É mais comum nos homens e pode afetar até 46% dos indivíduos do sexo masculino", acrescenta a especialista.
"Habitualmente o doente suspeita que tem uma hérnia quando nota o aparecimento de uma tumefação ou “bolinha” na zona da virilha, associada a dor ou desconforto nesse local, que aumenta de tamanho ou dá mais queixas com os esforços, como a tosse, o pegar em pesos e o exercício físico. Em alguns casos, a hérnia inguinal embora já esteja presente, não dá sintomas. Mas na grande maioria dos casos, com o tempo, os sintomas acabam por surgir. É uma doença importante, porque é muito comum na população em idade laboral e pode impedir os doentes de trabalhar, para além de lhes retirar qualidade de vida", descreve a médica.
Como se trata?
As hérnias inguinais têm indicação para ser tratadas a partir do momento em que comecem a dar sintomas, para evitar complicações. "As principais complicações são o encarceramento e o estrangulamento, situações em que a hérnia fica 'presa', fica dura, muito dolorosa, não diminuiu de tamanho com o descanso, o funcionamento intestinal pode ser afectado e pode associar-se a náuseas e vómitos. No limite, pode ser preciso remover o conteúdo do interior da hérnia por falta de circulação. Nestas situações é necessária uma cirurgia de urgência", indica a cirurgiã.
"O único tratamento eficaz é a cirurgia, na maioria dos casos com a utilização de uma 'rede' ou prótese, usada para reforçar a zona de fraqueza", afirma Sónia Ribas.
Segundo a médica, a cirurgia pode ser aberta, com uma cicatriz com um tamanho maior ou minimamente invasiva, a chamada 'laparoscopia', em que são realizadas várias pequenas aberturas, o que permite uma recuperação mais precoce, com menos dor e com menor risco de complicações.
A grande parte dos doentes, pode realizar a cirurgia, de forma segura, em regime de ambulatório. Significa que depois de operado, o doente pode ter alta no próprio dia da intervenção e fazer a restante recuperação em casa.
"Se tem ou suspeita que tem uma hérnia inguinal, deve marcar uma consulta com um cirurgião geral, idealmente mais dedicado ao tratamento de hérnias da parede abdominal, para se aconselhar e para que possam escolher a solução e a técnica mais adequadas para o seu caso em particular, de maneira a evitar complicações graves da sua hérnia inguinal. Mais vale prevenir do que remediar", conclui a médica.
As explicações são da médica Sónia Ribas, especialista em Cirurgia Geral. Tem certificação europeia em Cirurgia da Parede Abdominal, é presidente da Sociedade Portuguesa de Hérnia e Parede Abdominal e faz consulta de cirurgia vocacionada para a Parede Abdominal no Hospital Lusíadas Braga.
Comentários