No documento, denominado “Por médicos de família no Centro de Saúde de Ourém e nos seus polos [extensões de saúde]” e dirigido ao presidente e deputados da Assembleia da República e ministro da saúde, os 8.430 subscritores referem que a Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Ourém e a Unidade de Saúde Familiar Auren “têm inscritos 32.753 utentes”, sendo que “14.724 utentes estão, de momento, sem médico de família”.
“A situação irá sofrer um forte agravamento, dado que alguns médicos estão na idade da reforma e outros estão a pedir mobilidade e/ou a rescindir contrato”, adianta o abaixo-assinado, lembrando que “muitos polos estão sem nenhum médico, noutros polos apenas trabalha um médico”, mas, em todos, “o horário e os recursos humanos são, claramente, insuficientes”.
“Os profissionais de saúde têm listas de utentes claramente sobredimensionadas e muitas pessoas não conseguem ter acesso aos cuidados de saúde primários, em tempo e com qualidade razoáveis”, lê-se ainda no documento, classificando a situação como caótica.
Os subscritores observam ainda que “a região abrangida é deficitária em transportes públicos e, na grande maioria, é caracterizada por um povoamento disperso e com um elevado índice de envelhecimento e de dependentes”, exigindo o cumprimento da Constituição, que consagra que “todos têm direito à proteção da saúde e o dever de a defender e promover”.
Anabela Pereira salientou que a situação no concelho, excluindo a freguesia de Fátima, que “tem um centro de saúde próprio onde não se verificam estes problemas”, é “bastante grave”.
“Não estamos a falar de uma aldeia perdida em Portugal, no Interior. Estamos a falar do maior concelho do Médio Tejo e que está a uma hora de Lisboa”, declarou.
A organizadora realçou que “as pessoas estão desesperadas”, referindo que as que não têm médico de família “vão para a porta do centro de saúde às 02:00, às 03:00 da manhã, à espera de uma possibilidade de terem uma vaga, para serem atendidas,
“E são pessoas vulneráveis”, frisou.
Anabela Pinheiro, que é presidente do MOVE – Movimento Independente e foi candidata à Câmara de Ourém, adiantou que um dos passos seguintes passa pela criação de uma comissão de utentes, para poder “ter mais ação”, e lamentou a ausência de “resposta concreta” sobre esta matéria.
“Não vamos parar”, assegurou, acrescentando que foram pedidas audiências ao presidente do parlamento e ao ministro da Saúde.
Hoje, às 18:30, decorre uma conferência de imprensa sobre o abaixo-assinado, junto ao monumento “Ao povo de Ourém”, na cidade de Ourém.
Em 13 de fevereiro, dezenas de pessoas concentraram-se em frente aos Paços do Concelho de Ourém a reclamar por mais médicos de família.
Nesse dia, o presidente da Câmara, Luís Albuquerque (PSD/CDS-PP), disse à Lusa que a autarquia vai avançar com apoios para que médicos de família se fixem no concelho.
No mês seguinte, o município de Ourém, no distrito de Santarém, aprovou a proposta de um regulamento para atribuir incentivos para a fixação de médicos de medicina geral e familiar, para melhorar a qualidade dos cuidados de saúde prestados aos residentes.
A proposta prevê a concessão de incentivos até 600 euros mensais para os médicos que cumpram os requisitos exigidos.
Já em abril, a Câmara anunciou que vai comparticipar consultas para utentes sem médico de família, no âmbito de um acordo de cooperação com a União das Misericórdias Portuguesas.
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