O alerta é dado pelas Diretoras Executivas de três organizações das Nações Unidas – a United Nations Population Fund (UNFPA), a UNICEF e a UN Women - e pelo Diretor-Geral da OMS (Organização Mundial da Saúde), no Dia Internacional da Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina.
As 4 organizações juntam-se assim a todos os jovens, na luta pelos seus direitos, com o objetivo de acabar com estes atos de violência – que podem ter consequências físicas, psicológicas e sociais de longo-prazo – e que fazem parte integrante do compromisso da comunidade internacional para os objetivos de Desenvolvimento Sustentável até 2030.
Milhões de meninas em risco
O apoio à mutilação genital feminina tem vindo a diminuir. As raparigas adolescentes entre os 15 e os 19 anos, em países onde a mutilação genital feminina é predominante, são menos favoráveis à continuação desta prática do que mulheres entre os 45 e os 49 anos.
Em muitos países, as raparigas mais jovens têm menor risco de sofrerem mutilação genital do que, por exemplo, as suas mães ou avós. No entanto, o rápido crescimento da população jovem em países onde a mutilação genital feminina é predominante, pode levar a um aumento significativo no número de raparigas em risco, estimando-se que cerca de 68 milhões estarão em risco até 2030. Estes são os países com mais casos:
Os jovens de hoje em dia podem desempenhar um papel fundamental para acabar com esta prática, liderando movimentos que defendam a igualdade de género, o fim da violência contra mulheres e raparigas, e o fim deste tipo de práticas. Para isso, dizem os representantes das 4 organizações, é preciso deixar que estes jovens participem, como parceiros, na elaboração e implementação de planos de ação nacionais; construindo relações com organizações lideradas por jovens e redes que trabalham para acabar com a mutilação genital feminina; reconhecendo a mutilação genital como uma forma de violência contra mulheres e raparigas, e capacitando estes jovens a liderar campanhas comunitárias que desafiem normas sociais e mitos, e que tenham homens e rapazes como aliados.
As organizações das Nações Unidas referem, no entanto, que este não é um objetivo que os jovens possam alcançar sozinhos, e que não pode ser tratado de forma isolada sem ter em conta outras formas de violência contra mulheres e raparigas ou a desigualdade de género. Este objetivo também requer uma forte liderança e compromisso políticos.
No ano passado, no 25º aniversário da Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento (ICPD) em Nairobi, governos, sociedade civil, organizações religiosas e empresas privadas voltaram a comprometer-se a acabar com a violência de género e com este tipo de práticas prejudiciais - como a mutilação genital feminina.
Em Março, assinalam-se os 25 anos da plataforma Beijing for Action, um compromisso global para promover os direitos das mulheres em 12 áreas críticas, incluindo a eliminação de práticas prejudiciais a raparigas e mulheres. Este ano, vamos anunciar a criação de uma nova Geração Igualdade para estimular mais investimento e mais resultados para a igualdade de género.
“Está na hora de investir e traduzir os compromissos políticos já assumidos em ações concretas. É tempo de fazer mais, melhor e mais rápido para acabar com estas práticas de uma vez por todas. Está na hora de mantermos a nossa promessa a todas as raparigas do mundo e acabar com a mutilação genital feminina até 2030”. – concluem as organizações das Nações Unidas.
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